O antigo Primeiro-ministro de Angola, Marcolino Moco, disse que ouviu o apelo quase tétrico do Presidente da República de Angola, João Lourenço, na Assembleia geral das Nações Unidas, contra os golpes militares, que se começam a generalizar, novamente, em África.
Na sua opinião, ao invés da preocupação com isso, que Moco considera ser apenas a ponta de um iceberg, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Africana (UA) deviam debruçar-se, profundamente, sobre as reais causas.
Para Marcolino Moco, o fundo do iceberg é a sacralização dos poderes de estado, o único Deus distribuidor da riqueza e das honrarias, em muitas das nossas Áfricas.
“É a sua centralização nas mãos de uma só pessoa que só conhecerá o seu e o pensamento de quem conseguir dele cercar-se. É a banalização de sucessivos golpes jurídico-constitucionais, a instrumentalização da Justiça e da Comunicação Social, etc. etc”, apontou.
Se se começasse por aqui, observou, creio que a ONU, a UA e muitos chefes de estados africanos não teriam que se preocupar tanto, como bombeiros, com tantos fogos por e para apagar.
“De resto, com esse modelo, com golpes ou sem golpes militares que ninguém deseja, as consequências serão sempre as mesmas: o imenso sofrimento da esmagadora maioria dos povos africanos, fenecendo sem usufruir do mínimo das imensas riquezas do Continente”, lamentou.