A ministra da Saúde de Angola disse hoje que não existe uma nova variante angolana, mas sim uma estirpe diagnosticada no país, fruto das medidas de biossegurança tomadas no desembarque de passageiros de voos internacionais.
Sílvia Lutucuta, que falava hoje em conferência de imprensa, rejeitava informações postas a circular sobre uma nova variante mais transmissível do novo coronavírus SARS-CoV-2 em amostras recolhidas em Angola.
A governante angolana recordou que no final de dezembro de 2020 a comissão multissetorial de combate à covid-19 e o setor responsável pela saúde de Angola mobilizaram-se para encontrar soluções para a genotipagem e testes moleculares capazes de diagnosticar novas variantes, com maior preocupação para a inglesa, sul-africana, brasileiras e outras.
Segundo a ministra, estas variantes já eram referidas como altamente transmissíveis, associadas a alta mortalidade e também em pessoas jovens e sem comorbilidades.
Neste contexto, prosseguiu Sílvia Lutucuta, o Instituto Nacional de Investigação em Saúde, em parceria com o laboratório Crispy da África do Sul, tem estado a processar amostras para o diagnóstico destas variantes por genotipagem.
“E da primeira remessa enviada para a África do Sul já obtivemos resultados que partilhámos no dia 05 de março, referente aos meses de janeiro a fevereiro. Tivemos 17 casos: sete com a estirpe sul-africana, cinco com a estirpe inglesa, um caso com uma estirpe nigeriana e três casos com uma nova estirpe detetada em três jogadores tanzanianos, cujo diagnóstico foi feito no pós-desembarque imediato no Aeroporto 4 de fevereiro e foram estes jogadores imediatamente isolados no nosso centro de isolamento institucional da Barra do Kwanza, cortando-se assim a cadeia de transmissão”, frisou a ministra.
A titular da Saúde em Angola clarificou com esta explicação “as notícias que têm estado a circular fazendo referência a uma nova variante angolana”.
“Não é nova variante angolana, mas sim uma nova variante que foi diagnosticada em Angola, fruto das medidas que temos tomado e o processo de triagem e testagem no desembarque imediato que temos feito no nosso Aeroporto 4 de Fevereiro”, disse a ministra, sublinhando que “uma das armas importantes sem tréguas contra a covid-19, é, por um lado, a vigilância epidemiológica, por outro lado, uma vigilância laboratorial assertiva”.
Segundo a ministra, o país tem estas medidas para o controlo da entrada da nova estirpe em Angola.
“É feito um teste por RT-PCR até 72 horas antes do embarque, fazemos o teste antigene imediato no desembarque no aeroporto 4 de Fevereiro, estes passageiros são submetidos a quarentena até dez dias e é feita uma nova testagem, e se tiver o resultado negativo é emitido o título de alta epidemiológica”, disse.
Contudo, a ministra admitiu que já há circulação da estirpe inglesa em Luanda, atendendo os casos que afetam pessoas jovens, adolescentes e população pediátrica, com doentes críticos e óbitos nestas categorias, sendo “um sinal de alerta para as novas estirpes”.
“O nosso laboratório de Viana recebeu também recentemente reagentes capazes de detetarem a nova estirpe inglesa e, nos últimos três dias, nas amostras processadas de casos positivos, foram detetados 64 casos da nova variante inglesa. Preocupa-nos também o facto de a maior parte dessas amostras serem de pacientes que não têm relação nenhuma com viagens ou com viajantes e são amostras dos nossos hospitais sentinelas, que são os hospitais nacionais, incluindo o hospital pediátrico”, realçou.
Outra preocupação das autoridades angolanas, manifestou a ministra, tem a ver com o incumprimento das medidas plasmadas no decreto do estado de calamidade, recordando que a “covid-19 ainda não desapareceu”.
“Nós temos tido um aumento de casos na última semana”, disse, ao apelar à colaboração da população, cumprindo as medidas de biossegurança, “que são simples”, de proteção individual e coletiva, para que não se perca os ganhos obtidos até aqui.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos 2.853.908 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.