O Sindicato dos Jornalistas de Angola diz não ter informações sobre alegada discriminação de profissionais na rádio Despertar, afeta à UNITA, em função da filiação partidária, e salientou estar a acompanhar as questões laborais sem “mediatizar”.
Num comunicado enviado à agência Lusa, assinado pelo secretário-geral Teixeira Cândido, o SJA afirma estar preocupado com as “insinuações” sobre a sua atuação no caso que envolve jornalistas da Radio Despertar, garantindo estar a acompanhar a situação desde o dia 29 de outubro.
Em causa estão reivindicações de salários em atraso e conflitos laborais.
Segundo o SJA, foram feitas diligências “junto das estruturas competentes da Radio Despertar”, tendo recebido garantias de que os salários em atraso seriam pagos até ao final de novembro, informações que foram passadas ao delegado sindical, João Walter dos Santos.
No dia 03 de novembro, o órgão sindical foi informado de que alguns colegas teriam sido suspensos ou impedidos de aceder às instalações da Radio Despertar, situação que foi negada pelo diretor e que o delegado sindical ficou incumbido de avaliar no local.
“Face às garantias que a direção do SJA recebeu, e não se tendo cumprido ainda o prazo, mês de novembro, não viu razões para um posicionamento público, postura aliás que tem adotado em todas as situações de âmbito laboral”, destaca no comunicado.
O SJA adianta ainda que não recebeu qualquer informação sobre uma eventual discriminação dos profissionais em virtude da sua filiação partidária como foi apresentado em conferência de imprensa na semana passada, a qual desconhecia até uma hora antes da sua realização.
“A direção do SJA não tem como método mediatizar os assuntos laborais antes de exaurir todas as vias negociais, tão pouco discutir nas redes sociais assuntos de âmbito profissional”, salienta o sindicato.
Na semana passada, nove jornalistas da Rádio Despertar, que reclamam salários em atraso, anunciaram que vão desvincular-se da empresa e recorrer à justiça para reclamar uma indemnização.
Em declarações à Lusa, o jornalista João Walter dos Santos acusou a direção da rádio e a UNITA de “abuso de confiança” e prometeu também avançar com uma queixa na Procuradoria-Geral da República, devido a um alegado desvio de fundos.
O diretor da rádio, Emanuel Malaquias, reconheceu haver atrasos, que atribui à perda de receitas resultante da “difícil conjuntura”, mas garantiu que tudo tem feito para preservar os postos de trabalho e acusou a comissão sindical de se ter recusado a negociar o pagamento do salário em prestações, negando a existência de três salários em atraso.