A Entrega ao Tribunal Constitucional (TC) da candidatura da UNITA às próximas eleições gerais foi marcada terça-feira por protestos de alguns cidadãos contra a inclusão de Abel Chivukuvuku como candidato a Vice-Presidente da República.
Um grupo de supostos militantes do principal partido da oposição, em Angola, concentrou-se defronte ao Palácio da Justiça para protestar contra a escolha de Abel Chivukuvuku para o segundo lugar na lista de candidatos a deputado da UNITA.
O manifestantes ostentavam cartazes com dizeres hostis, sobretudo a Abel Chivukuvuku, antigo quadro da UNITA que, até recentemente, dirigia a coligação eleitoral CASA-CE, actual segunda força política da oposição.
A contestação é igualmente extensiva a personalidades de outras formações políticas que também integram a lista da UNITA.
Entre as pessoas visadas figuram ainda alguns dirigentes do Bloco Democrático (BD) liderado por Filomeno Vieira Lopes e de outras sensibilidades que também fazem parte da lista de candidatos da UNITA, através da chamada Frente Patriótica Unida (FPU).
Os mesmos cartazes convidavam a direcção do partido a respeitar “o sacrifício dos heróis conhecidos e anónimos da causa da UNITA”, em alusão a veteranos militantes que teriam sido preteridos na lista de candidaturas às próximas eleições gerais.
Segundo o porta-voz dos manifestantes, Rafael Mukanda, a integração de tais figuras “estranhas” ao partido representa “uma traição e um insulto à memória dos nossos heróis, aqueles que já partiram e aqueles que ainda estão entre nós”.
Mas o secetário-geral da UNITA, Álvaro Chipwamanga Daniel, minimizou a iniciativa, considerando que, num Estado democrático e de Direito, “é normal as pessoas se manifestarem, pois estão a exercer o seu direito de manifestação”.
Em declarações à imprensa depois da entrega do processo de candidatura, Álvaro Daniel referiu ainda que muitos desses cidadãos que se manifestaram diante da sede do TC “nem sequer são militantes do partido”.
Ainda que o fossem, prosseguiu, “não representam a milésima parte” dos militantes do partido.
Afirmou que a lista de candidatos da UNITA a deputado e a Presidente e Vice-Presidente da República “é de transição geracional e de inclusão, reunindo várias sensibilidades politicas e da sociedade civil”.
Acrescentou que muitas das figuras históricas do partido como Isaías Samakuva, Lukamba Gato, Kamalata Numa e outros “cederam voluntariamente” os seus lugares para permitir a entrada no Parlamento de candidatos mais novos.
Sobre alegações de eventual divisão no seio do seu partido entre apoiantes e contestatários do actual líder, disse tratar-se de “uma invenção de alguém que a nós não preocupa”.
“Ela representa uma manifestação de racismo e não estamos aqui para defender racistas”, esclareceu, acrescentando que a candidatura da UNITA “é de angolanos para angolanos e nela se reflecte a vontade de se operar a mudança no país”.
A lista da UNITA é liderada por Adalberto Costa Júnior e Abel Chivukuvuku, respectivamente como candidatos à Presidência e à Vice-Presidência da República.
A UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola) é o segundo maior partido de Angola e a maior formação política da oposição no país, detendo actualmente 51 deputados num Parlamento de 220 assentos.
Foi fundada, em 13 de Março de 1966, por dissidentes da FNLA e do GRAE (Governo de Resistência de Angola no Exílio) de que Jonas Savimbi, seu fundador, era ministro das Relações Exteriores.
Segundo dados, Jonas Savimbi e António da Costa Fernandes fundaram o então movimento guerrilheiro, em Muangai, na província do Moxico, no leste de Angola, na presença de outros 200 delegados.
Com a entrega da sua candidatura, a UNITA passa a ser a quarta formação política a cumprir com este pressuposto legal para concorrer às eleições gerais de Agosto próximo, a pouco menos de quatro dias do fim do processo iniciado a 06 de Junho corrente.
Antes da UNITA, submeteram os seus processos à apreciação do TC o MPLA, a CASA-CE e a Aliança Patriótica Nacional (APN), partido sem assento parlamentar.
As próximas eleições serão as quintas na história de Angola depois das de 1992, 2008, 2012 e 2017.