O Presidente francês está “muito chocado” e denunciou a “inaceitável agressão” de um cidadão negro pela polícia de Paris, afirmando que as imagens “envergonham” França.
O Presidente francês denunciou esta sexta-feira a “inaceitável agressão” de um cidadão negro pela polícia de Paris, “imagens que envergonham” a França e pediu ao governo que “apresente rapidamente propostas” para “lutar com maior eficácia contra toda a discriminação”.
“França nunca poderá permitir que floresçam o ódio ou o racismo. A França nunca deve recorrer à violência ou à brutalidade, de onde quer que ela venha”, afirmou Emmanuel Macron numa declaração na rede social Facebook, pedindo uma “força policial exemplar com os franceses”, mas também “franceses exemplares com as forças da ordem”.
Numa tentativa para conter os crescentes protestos devido à violência policial, Macron disse ter ficado “chocado” com o último episódio e pediu contundência para punir os agentes que quebram os códigos.
De manhã, a Presidência francesa tinha já afirmado que Macron estava “muito chocado” com o vídeo do espancamento de um produtor de música negro por vários polícias, naquela que foi a primeira reação oficial do governante sobre este caso polémico.
O caso surgiu quando o portal na Internet Loopsider publicou imagens que mostram um homem negro, identificado como “Michel”, espancado por polícias à entrada de um estúdio de música em Paris.
A vítima apresentou queixa na sede da Inspeção-Geral da Polícia Nacional (IGPN), na capital francesa, e na quinta-feira foi anunciado inicialmente que três agentes da polícia tinham sido suspensos de funções.
Uma fonte do Ministério Público de Paris citada pela agência France Presse (AFP) precisou esta sexta-feira que os agentes suspensos e atualmente investigados eram quatro e que seriam ouvidos esta sexta-feira sob regime de custódia policial no quadro do inquérito aberto terça-feira por alegadas ofensas raciais e agressões físicas.
Segundo a AFP, que cita uma fonte governamental, Macron recebeu na quinta-feira o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, e durante o encontro pediu-lhe que fossem assumidas sanções muito claras contra os agentes envolvidos no caso.
Após a reunião, Darmanin anunciou na televisão francesa que tinha pedido a exoneração dos agentes.
Também quinta-feira, no Eliseu (sede da Presidência francesa), Patrick Strzoda, diretor do gabinete de Macron, recebeu a ativista dos Direitos Humanos Claire Hédon, de acordo com outra fonte citada pela AFP, que sublinhou que o chefe de Estado francês deseja um apaziguamento.
O caso surge depois da aprovação, na terça-feira, pela Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento francês) de um controverso projeto-lei sobre “segurança global” que prevê, nomeadamente, punir a divulgação maliciosa de imagens das forças policiais, disposição que está a gerar igualmente fortes críticas por parte de jornalistas, defensores das liberdades e dos direitos civis e da oposição.
A adoção deste texto pelos deputados da Assembleia Nacional surgiu um dia depois da polícia de Paris ter desmantelado um acampamento improvisado de migrantes no centro da capital francesa, na noite de segunda-feira, e de ter recorrido à força, a gás lacrimogéneo e a granadas atordoantes para dispersar as pessoas.
A procuradoria de Paris abriu duas investigações por suspeitas de “violência” de polícias contra um migrante e um jornalista.