Pelo menos quatro mil toneladas de laranjas produzida na fazenda Agro-industrial “A Nossa Terra”, no município da Humpata (Huíla), estão sem comprador e podem se deteriorar, caso a situação se mantenha nos próximos dias.
O quadro é agravado pelo mau estado das estradas, falta de uma indústria operacional de transformação desse produto na região, aliando ao baixo poder de compra dos potenciais clientes e às restrições impostas pela progressão da COVID-19.
Segundo a administradora municipal da Humpata, Rita Soma Miranda, que avançou a informação, a produção devia ser colhida e comercializada em três meses, sublinhando que o mercado local não tem capacidade para absorver a produção da fazenda ligada à Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (FAA).
Em declarações à ANGOP, Rita Soma Miranda disse que uma das opções seria a operacionalização das fábricas de transformação adstrita a fazenda, que, no entanto, estão paralisadas desde 2013.
Disse que a direcção do projecto está a adoptar a estratégia de redução de preço do produto, no sentido comercializar mais rapidamente e ter menos perdas, além da fazenda registar roubos constantes da fruta pelas comunidadeS vizinhas.
“Registamos a fazenda na plataforma digital do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), para ter compradores directos e até ao momento temos tido correspondência por parte desses compradores, mas ainda assim estamos preocupados porque a fruta esta a estragar-se”, referiu.
Informou que o sector produtivo na Humpata está débil por falta de apoios no sector da agricultura, pois deparam-se com problemas carência de tractores por parte das associações entre outros meios para melhorar o processo produtivo.
Ao todo são oito fábricas de transformação de frutas em sumo, doces, compotas, vinho e vinagre, afecta à Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas, inauguradas em 2007, encontram-se paralisada na região há sete anos, por motivos desconhecidos, embora a maquinaria seja nova.
O projecto denominado “Nossa Terra” tem unidades fabris que dispõem de um equipamento denominado “separador” para a produção de seis mil garrafas de um e meio litro para derivados diversos/hora. Já a fábrica de sumos de laranja tem uma capacidade de mil litros/hora.
A província da Huíla tem condições climáticas propícias para a prática da agricultura o ano todo, com tradição na fruticultura, mas perde anualmente uma média de 50 mil toneladas de frutas, legumes e hortícolas.
A título de exemplo só em 2019, mais de 80 mil toneladas de fruta, entre maçã, pêssego, pêra e morangos, estragaram-se na Humpata e outras 20 mil de hortícolas tiveram o memso destino na Chibia, Cacula e Quilengues, por dificuldade de escoamento.
A fazenda “A Nossa Terra” tem 250 mil laranjeiras, em 320 hectares no perímetro irrigado da Humpata. Conta ainda com uma componente industrial, cujo investimento foi de 45 milhões de USD financiados desde 2005 pela Caixa de Segurança Social das FAA.