Queremos começar esta narrativa antropológica alicerçando – se às palavras do Eng. José Eduardo dos Santos segundo as quais “A família é fonte de vida. A vida é condição prévia à existência de qualquer direito.
Não haverá desenvolvimento real nem modernização do país, sem famílias estruturadas e saudáveis, capazes de favorecer o florescimento das novas gerações.” Não obstante, a frase “significação filogenética do Bom Patriota” exprimida pelo autor, faz referência à evolução biológica da família dos Santos, esta frase foi utilizado para demonstrar o curso da herança familiar de José Eduardo dos Santos, o que concerne o estudo da relação evolutiva da família dos Santos no que tange à dados moleculares e matrizes de dados morfológicos.
Ao tentarmos dissociar a palavra filogenética, desta advirão dois termos, com valores denotativos originais e diferentes, assim, a palavra filogenética no sentido denotativo é composta por aglutinação, e tem como origem o idioma grego a partir de dois vocábulos:
– O prefixo “filo” que significa tribo, raça;
– O sufixo “genética” que significa nascimento, hereditariedade, gênese,herança, origem;
A questão da filogenia diz respeito à grupos de populações biológicas, e sua evolução biológica, é o que deixamos claro neste árduo trabalho de pesquisa intelectual sobre a família dos Santos. Na filogenética faz – se necessário o uso de dados de sequência do DNA de cada indivíduo, como impacto a filogenética dará luz sobre a compreensão da família de um indivíduo. Dentro da genética a família joga o papel central na transmissão dos caracteres de geração a geração, e é da família de José Eduardo dos Santos que iremos nos debruçar para tentar desvendar os mistérios sobre a etiologia genética de José Eduardo dos Santos.
A família de José Eduardo dos Santos assume uma premissa básica na existência de José Eduardo dos Santos, também incontestável da sua projecção social e da continuidade da sua família na face da terra parafraseando Papa Francisco “Os pais coesos e amorosos são o antídoto mais forte contra a difusão do individualismo egoísta. Individualismo quer dizer, que não podem ser divididos.
Os pais, pelo contrário, dividem – se, a partir do momento em que acolhem um filho para o dar ao mundo e fazê – lo crescer”, todavia, José Eduardo dos Santos ao receber o dom da vida, esteve amarrado de alguma maneira no vínculo afectivo de seu pai Avelino Eduardo dos Santos e de sua mãe Jacinta José Paulino, encarados como a estrutura basilar na anatomia social de José Eduardo dos Santos como disse Céline Dion “A família é uma riqueza incrível, dá ferramentas para poder enfrentar os momentos extraordinários, os momentos mais difíceis, os altos e baixos.”
A sociedade está arraigada à organização de sua estrutura de maneira continuada através de mudanças profundas nas famílias como afirma Esteves:
No interior de nossa própria cultura, sem sair de nossa própria cidade nem de nosso próprio bairro, um belo dia observamos nosso ambiente e nos damos conta de que tudo mudou tanto que mal somos capazes de saber como as coisas funcionam. Sentimo-nos, então, desorientados como se tivéssemos viajado para uma sociedade estranha e distante, mas sem esperança de voltar a recuperar aquele ambiente conhecido no qual sabíamos nos arranjar sem problemas.
As mudanças realizadas na família de José Eduardo dos Santos foram transparentes. Com o percurso das circunstâncias coloniais, a família Eduardo dos Santos foi – se adaptando à novos paradigmas sociais, que definiam os tempos, sofreu com a ditadura salazarista e a pobreza por esta imputada, nisto, foi – lhe imposta mudanças, passou por momentos trágicos e caóticos, foi neste drama áspero em que se desenhava a infância de José Eduardo dos Santos como disse Bourdieu.
Desde os primórdios de seus pais até aos nossos dias, uma longa marcha realizada deu lugar à metamorfose da família Eduardo dos Santos tomando por espaço o que se observa hoje no seio familiar (a coesão, a educação, a unidade, a serenidade, a luta sacrificada e a humildade) elucidando Augusto Cury “Bons pais nutrem o corpo, pais brilhantes nutrem a personalidade”.
Porém, nos tempos que se foram, os Pais de José Eduardo dos Santos desempenharam um papel crucial na construção da anatomia sócio – cultural e histórica de José Eduardo dos Santos como afirmou o Santo Padre Papa Francisco “É na família onde aprendemos a abrir – nos aos outros, a crescer em liberdade e em paz”, sem a família a vida de José Eduardo dos Santos nem sequer um sonho seria. A família de José Eduardo dos Santos teve um papel de responsabilidade cimeira no âmbito da educação social de José Eduardo dos Santos foi essa que assumiu o papel na construção da identidade cultural de José Eduardo dos Santos, como escreveu Silva:
Ao defendermos a ideia de que, qualquer que seja a realidade do sujeito, ele é sempre um ser em construção, acreditamos que a identidade cultural do indivíduo se construa e seja justamente marcada pelas especificidades e profundas ambiguidades do contexto no qual se insere.
A família em José Eduardo dos Santos assumiu um papel de protector e instructor, emanando sobre o qual desde a sua vinda ao solo angolano até à forma adulta, um conjunto de princípios que serviram – lo de pedra angular para fazer face às circunstâncias nos termos de pensamento, comportamento e acção como disse Augusto Cury “Bons pais corrigem erros, pais brilhantes ensinam a pensar”. A capacidade de ceder o perdão, de contornar obstáculos, de humanismo, de serenidade no agir, e seriedade no fazer virtudes vigentes em José Eduardo dos Santos é resultado de sua família que cumpriu com zelo o seu papel de cuidador social, como disse Albuquerque “O cuidar é uma dimensão ontológica do ser humano”. Para entender o ser humano e suas acções, é necessário nos basearmos nos pais que assumem a função de cuidadores de seus filhos, pois seus valores, atitudes e comportamentos no quotidiano expressam constantemente o carácter dos pais”.
John Lock filósofo inglês (1632 – 1704) afirmava que “O homem nasce como uma tábua rasa” — Querendo significar que, quando José Eduardo dos Santos nasceu, era um homem dotado de inocuidade sobre o mundo pelo qual iria se tornar parte, todavia, é a família quem sobre ele exerceu a sua autêntica força para moldá – lo às circunstâncias naturais, e construir nele uma verdadeira muralha cívica, ética e do carácter. A família exerceu uma grandeza imensurável na construção da personalidade de José Eduardo dos Santos. José Eduardo dos Santos é um homem que manifesta no seu ego a gratidão como fruto de pressuposto de seus pais melhor que essa afirmação é a de Cícero (106-43 a.C.) “A gratidão não é somente a maior das virtudes, mas a origem de todas as outras.”
José Eduardo dos Santos ganhou no elo familiar valores como a humildade, que longe seria capaz de adquiri – la no âmago social, a importância da humildade no âmbito da edificação do carácter de José Eduardo dos Santos é imensa, não obstante, a humildade não é sinônimo de fraqueza, mas sim uma virtude, vale lembrar ainda, que todo aquele que não tem a humildade, portanto, o orgulhoso, faz deste vítima da posse de várias derrotas, ao não reconhecer os contornos da história onde todos viveram, passaram e aprenderam, por não reconhecer erros, nem sequer querem aprender com eles.
São Tomé elucida que a virtude da humildade é inferior às virtudes teologais, (fé, esperança e caridade), pois tem a Deus por objecto direto. É inferior também a certas virtudes morais, , como a prudência, a religião, e a justiça social que diz respeito ao bem comum; mas é superior às outras virtudes morais (excepto talvez a obediência), por causa do seu carácter universal, e porque nos submete à ordem divina em todas as coisas. Se porém, se considera a humildade, enquanto chave que abre os tesouros da graça, e o fundamento das virtudes, é, no dizer de São Tomás de Aquino, uma das virtudes mais excelentes do homem.
A alma humilde não se alegra nas graças que lhe dá, antes, pelo contrário, refere a Deus toda a glória que delas provém. Os soberbos monopolizam as graças para o seu proveito e fazem dela um título de glória para si mesmos. Por outro lado, a humildade esvazia-nos a alma de amor – próprio e vanglória, e assim prepara nela para a graça uma vasta capacidade, que Deus sumamente deseja encher; porque, como diz S. Bernardo, “há estreita afinidade entre a graça e a humildade”. A humildade é, se não a mãe, ao menos a que nutre todas elas, sob um duplo aspecto, a saber: sem ela não há virtude sólida, com ela todas as virtudes se tornam mais profundas e perfeitas.
Como o nosso orgulho é o maior obstáculo à fé, é certo que a humildade torna a nossa fé mais pronta, mais fácil, mais firme, e até mais esclarecida. É reciprocamente a fé, mostrando-nos a infinita perfeição de Deus e o nosso nada, confirma-nos na humildade. O ente humilde de José Eduardo dos Santos precisou – se pousar a graça divina para que pudesse vencer todos os desafios até a vitória final, é tão claro ver a humildade de José Eduardo dos Santos e o papel único de perdão que soube mostrar ao longo de sua trajectória histórica, José Eduardo dos Santos soube ser aquilo que muitos em curto espaço de tempo não sabem mostrar.
Moldando o país à sua imagem, José Eduardo dos Santos ganha a guerra mas revela um notável espírito de moderação e humildade plasmado na reconciliação ao recusar enveredar por “uma paz vingativa” contra a vontade dos “falcões” do regime que o circundava, sendo, por isso, elogiado pela comunidade internacional como um pacificador e homem do perdão. Este gesto permite salvaguardar e conferir dignidade à família de Savimbi e assegurar a integração dos quadros da UNITA na vida pública angolana.
A família é uma verdadeira oficina de valores para a criança, como disse Paulo Freire “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” Em verdade não seria possível a existência de um José Eduardo dos Santos dotado de princípios, boa educação, ponderação, boa-fé, serenidade, pro – actividade, de luta pela ruptura de barreiras profundas que estavam na base de sua característica como um líder do passado quando se entregou à sério, se a missão de seus pais não tivesse um espaço de moldura sobre a personalidade do sujeito dos tratado enquanto criança, a rua assumiria o papel na construção de um carácter distorcido.
O mais patente e notório na sociedade contemporânea é o curso que leva a ruptura da personalidade dos descendentes de famílias pobres, a pobreza em Angola funciona como um alicerce para a instalação de vícios e de saídas para fins menos bons às crianças, que resulta na delinquência infanto – juvenil, doutro lado, unido à pobreza estão as questões sociais dos pais que asfixiados pelos problemas que do mundo advêm, não conseguem dar por seguinte os seus passos no que tange ao processo de educar os seus filhos, o que sobra às famílias de jovens pobres é a delinquência, o alcoolismo e o consumo de substâncias ilícitas pesadas ao organismo torna esse drama cada vez mais ribombando, como escreveu Castro:
A família dos jovens pobres analisados através dos conceitos mobilizados por psicólogos, sociólogos e assistentes sociais aparecem como um antro de vícios, violência doméstica, entre outros factores que influenciam negativamente o jovem, tendo como consequência a prática do acto de infracção. A família se constitui, portanto, em um dos principais factores que constituem o “risco social”, conceito utilizado por estes profissionais para definir o quadro social que pode conduzir os jovens ao uso de drogas, a evasão escolar e finalmente ao crime.
“Peter Berger e Luckman (1983) demonstram que “a vida quotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente”. Os actores sociais, por meio de mecanismos de tipificação, apreendem a realidade da vida quotidiana como uma realidade ordenada.
Se nas ditas famílias pobres, muitos dos pais se perdem e, por isso, não conseguem impor eficazmente o conjunto de regras vinculadas ao processo de educar, o que resulta na fuga de princípios verificáveis nos filhos, a família de José Eduardo dos Santos conseguiu mostrar – se diferente quanto à este facto, o que se observou ao permitir que seus filhos, apesar das circunstâncias vividas, não ficaram em debandada. Isto somente foi possível graças ao sacrifício dos pais para que isso fosse acontecer, porque em famílias pobres sobretudo de musseques como Sambizanga, aos nossos dias, vê – se o desmando dos filhos à tomar espaço sobre suas atitudes, porém, embora numa distante época colonial, isso não pouparia a expressão social de José Eduardo dos Santos, a família Eduardo dos Santos forjou nos filhos princípios inspiradores sobre o rumo à ser seguido na vida hodierna.
Neste contexto, a educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem com a libertação do homem, não pode fundar – se numa compreensão dos homens como seres vazios a quem o mundo encha de conteúdos sociais e familiares, não pode basear – se numa consciência especializada, mecanicamente compartimentada, mas nos homens como corpos conscientes, e na consciência como princípio intencional ao mundo. O homem não pode ser o depósito de princípios à serem aprendidos no seio familiar, mas a problematização das pessoas em suas relações com o mundo.
Desta maneira, o educador social (pai e mãe), já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo como os seus filhos que, ao serem educados, também educam os pais passando o que trazem da escola, ou mesmo da sociedade em que estão vinculados. Ambos, assim, se tornam sujeitos de autoridade, porém, o respeito recíproco baseado na hierarquia familiar nunca pode ser enterrado. Para ser – se funcionalmente, autoridade, se necessita de estar a ser com as liberdades dos filhos e não contra elas.
Há que frisar o papel dos pais de José Eduardo dos Santos no processo de aprendizagem que culminou com a construção da esfera educativa de José Eduardo dos Santos, afinal de contas, não aprendemos à respeitar os nossos semelhantes na escola, porém, a família tem uma missão profunda para este intuito, também, não aprendemos a ser educados apenas na escola, mas no seio familiar.
A família é o verdadeiro epicentro da vida do ente humano. É no seio da família onde José Eduardo dos Santos encontrou a verdadeira protecção, segurança, orientação para a vida, integração social, é na família onde José Eduardo dos Santos adquiriu os seus traços mais característicos, afastando – se do domínio do determinismo biológico e adquirindo as marcas culturais que caracterizam o perfil de um cidadão disciplinado. Sem laços familiares fortes, todo o processo de construção de bom carácter humano evidente em José Eduardo dos Santos fracassaria.
Sem família verdadeiramente responsável pelo destino dos filhos, José Eduardo dos Santos não sobreviveria às pressões sociais, e, seria sujeito à transformações cedidas pelo mundo do Sambizanga, transportando nele o que se colhe do comportamento das ruas, num verdadeiro fardo, na construção das tendências viciadas do mundo daquele tempo distante.
João Henrique Hungulo