Família de estudante morto em protesto insiste em autópsia com legista independente e fotógrafo, mas PGR põe corpo à disposição para funeral. Pai leva pessoalmente carta e faz vigília, mas não sensibiliza autoridades.
A família de Inocêncio Matos encaminhou uma carta à Procuradoria-Geral da República de Angola (PGR) para que seja autorizado que um médico legista independente e um fotógrafo acompanhem a autópsia do corpo do estudante morto na manifestação do dia 11 de novembro em Luanda.
Segundo o grupo de ativistas que acompanha o caso, o pai da vítima entregou o documento à PGR nesta segunda-feira (23.11). Alfredo de Matos recentemente realizou uma vigília em frente ao Palácio da Justiça, na capital angolana.
“Até ao momento não temos a data do enterro por conta do baile que a PGR está dar a família. O pai de Inocêncio levou uma carta à PGR para lembrar que quer somente que se faça a justiça. Desconhecemos as razões que levam a PGR em negar as exigências da família”, diz o ativista Dito Dalí.
Num comunicado enviado à imprensa, a PGR sublinha que “o cadáver se encontra à disposição da família para a realização das exéquias fúnebres, cessando qualquer responsabilidade do Ministério Público e do Serviço de Investigação Criminal”.
Em conferência de imprensa realizada no sábado (24.11), Alfredo de Matos ressaltou que é interesse da família realizar o funeral o mais depressa possível, mas não sem antes realizar a autópsia. O pai da vítima também acrescentou que a família “encontra inúmeras dificuldades” e foi pressionada para que se fizesse a perícia médico-legal antes de um advogado ter sido avisado.
A família de Matos, morto aos 26 anos, sente-se impedida de saber as verdadeiras causas da morte do estudante. Segundo o advogado da família, a autópsia deveria ter sido realizada na última sexta-feira (20.11), mas não ocorreu porque um representante do Ministério Público não permitiu a entrada de um fotógrafo, como tinha sido requerido.