Angola registou 19 homicídios de mulheres vítimas de violência doméstica, entre março e novembro de 2020, mais dois casos em relação ao período homólogo, anunciou hoje o Serviço de Investigação Criminal angolano.
A informação foi transmitida pela chefe do departamento de Sexologia Forense da direção nacional do SIC, Loidy Gisela Vaz de Almeida, afirmando que, em período da pandemia de covid-19, o país registou um “considerável aumento” de crimes perpetrados de forma violenta.
Segundo a responsável, Angola registou, no terceiro trimestre deste ano, 2.322 crimes de violência doméstica praticados por pessoas conhecidas, 353 casos de violação sexual praticados por pessoas conhecidas e 419 por pessoas desconhecidas.
Loidy Gisela Vaz de Almeida, psicóloga forense, falava em Luanda, na abertura oficial da campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.
Abordando a relação entre a violência doméstica e a covid-19 em Angola, a funcionária sénior do SIC apresentou resultados de estudos de caso realizados este mês, sobretudo em Luanda, concluindo que um elevado número de casos de violência doméstica não chega ao conhecimento dos órgãos de polícia.
Entre os estudos realizados, a responsável deu conta de que, no sábado passado, o órgão de investigação criminal auscultou 50 trabalhadoras do sexo, em Luanda, e a maior parte já foi vítima de violência no seu trabalho.
“Desse número, 22 mulheres disseram que já foram vítimas de violência no seu trabalho, 15 disseram que não e 13 disseram muitas vezes”, descreveu.
“Quando questionadas se fizeram alguma participação na esquadra disseram que não, porque quando vão às esquadras são discriminadas (…), no fundo são casos que não chegam à polícia o que consideramos como cifras negras”, observou.
Na abertura da cerimónia, a secretária de Estado para a Família e Promoção da Mulher, Elsa Barber, deu conta que Angola registou 3.303 casos de violência doméstica, entre janeiro e outubro de 2020.
Assinala-se hoje o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher e Rapariga. Angola celebra a data sob o lema “Violência Zero, Denuncie”.