Na sexta-feira, Governo provincial anunciou não ter autorizado a realização da marcha. Entretanto, organizadores mantiveram o convite para a manifestação prevista para este sábado.
A marcha convocada por um grupo de ativistas defensores dos direitos humanos e membros da sociedade civil da província angolana de Cabinda não foi autorizada pelo Governo da província, na sexta-feira (27.11), dada a atual situação da pandemia de Covid-19.
“Dada a situação da pandemia da Covid-19 consubstanciado com o decreto presidencial vigente, não autorizamos a referida marcha”, dá conta um ofício do gabinete do governador de Cabinda, a que a agência Lusa teve acesso.
Mas os organizadores mantiveram o convite para a manifestação deste sábado (28.11) “por ser um direito consagrado na Constituição, não podendo existir uma desigualdade ou discriminação para Cabinda”.
A marcha tem por objetivo contestar a “degradação social, económica” e da saúde pública “sem precedente” e está prevista para iniciar pelo largo Primeiro de Maio, em Cabinda.
O movimento pretende percorrer a avenida Duque de Chiazi e terminar junto do pavilhão multiúsos da cidade.
Demandas dos manifestantes
Numa carta dirigida ao governador da província de Cabinda, subscrita por 42 pessoas e divulgada na quarta-feira (25.11), os manifestantes referiram que a situação sobre a qual pretendem protestar “perdura há 45 anos”, sem que o Governo tenha cumprido as suas garantias e promessas de intervenção.
O desemprego, a pobreza profunda, as mortes devido à fome, os constrangimentos ou impedimentos da liberdade de expressão, da cidadania, os julgamentos e condenações injustas e outros direitos fundamentais constam da lista de problemas sobre os quais se querem manifestar.
Os promotores da manifestação salientam no documento que vão exigir igualmente o diálogo “para a pacificação do território de Cabinda”.
Em declarações à agência Lusa, o advogado e ativista de direitos humanos de Cabinda Arão Tempo disse, na quarta-feira, que vai participar na manifestação por considerar justas as reclamações, sublinhando que há 45 anos que “o povo de Cabinda se encontra à deriva”.
Arão Tempo sublinhou que há pessoas a morrer de fome em Cabinda, há repressão e faltam estruturas sanitárias.