Nos últimos dias, correram notícias que relacionavam figuras de proa angolanas com o Dubai. Depois da morte prematura de Sindika Dokolo, falou-se da “escapadela” para o Dubai de Manuel Vicente e José Eduardo dos Santos. Se esses dois grandes elefantes da política e da finança angolana se moveram para os Emiratos Árabes Unidos, é porque há muito, já lá se encontra uma determinada massa monetária em divisas, saída de Angola, de caxexe.
Tome-se, para ilustração, o cheique angolano das arábias, um dos accionistas (ou testa de ferro?) da RIDGE SOLUTIONS, que, em 2012, se moveu para o Dubai, e até comprou um banco no Egipto por cem milhões de dólares.
O cheique José Ferreira Ramos sempre gostava de se gabar, nos tempos áureos, que era sócio de alguém muito, muito grande, que lhe assinava os pedidos de avultados financiamentos junto dos bancos aos quais pregou calotes.
O mais grave disto tudo é que o cheique José Ferreira Ramos deixou cerca de 100 famílias que investiram no projecto JARDIM DO ÉDEN sem casa. Ora, se o Dubai é um paraíso fiscal sem possibilidade de retorno dos capitais roubados ao estado e aos cidadãos angolanos, muitos destes lesados nunca verão o dinheiro do trabalho de uma vida retornar ao seu bolso.
Uns já faleceram sem ter o prazer de ver realizado o sonho da casa própria. Outros estão ainda a pagar empréstimos contraídos junto dos bancos, etc.
Os marimbondos não abocanharam apenas o sangue do Estado, sugaram também o precioso néctar do trabalho da sociedade civil.
É este aspecto que seria muito útil o PR João Lourenço levar em consideração no seu combate contra a corrupção.