A mensalidade para o curso de Medicina na Universidade Privada de Angola (UPRA) passou de 48 mil para 175.950 Kwanzas, apenas para o 1.º ano, um aumento que está a gerar um forte descontentamento entre os estudantes levando-os a denunciar uma situação junto do Ministério do Ensino Superior e a apresentar uma queixa ao Serviço de Investigação Criminal (SIC), soube o Novo Jornal junto dos estudantes.
Enquanto as autoridades competentes não intervém no assunto, os estudantes do 1º ano do curso de Medicina estão obrigados a pagar esta propina que considera “aberrante”, mas a UPRA justifica a subida com a depreciação do Kwanza, os custos do material gastável dos laboratórios e com a construção do Centro Policlínico Universitário (CEPOU), que foi inaugurado no passado dia 22 e que vai servir para estágios a todos os estudantes de saúde.
Ao novo jornal, um grupo de estudantes de Medicina, que solicitou anonimato, contou que a situação criou um mau clima entre uma instituição e os estudantes uma vez que o preço em Março de 2020, antes do início da pandemia da Covid-19 no País , era de 48 mil kwanzas, mas que surpreendentemente passou para mais de 175 mil kz.
Segundo os visados, como foram suspensas como aulas no mês de Março por conta da Covid-19, tendo estas sido retomadas em Outubro do ano passado, uma UPRA não aceita que os estudantes do 1.º ano paguem os 48 mil boletins estipulados, mas sim 175.950 Kz mensalmente.
De acordo com os estudantes, o valor das propinas no curso de Medicina está muito além dos outros preços praticados em várias universidades do País, e que muitos só não obtiveram a UPRA em 2020 porque as inscrições já estavam encerradas e não tiveram outra alternativa a não ser aceitar.
No entanto, contam, a direcção da UPRA pediu aos estudantes e encarregados de educação que já fez a inscrição para que celebrassem um contrato de compromisso, de forma secreta, sem, entretanto, ouvir a todos os estudantes.
Os estudantes admitem que estavam conscientes de que haveriam aumentos e que se inscreviam na UPRA com essa informação, mas que apontava para um máximo de até 60 mil kwanzas.
“Ficamos surpresos quando a preparação nos deixou fazer a proposta e depois fez subir para 175 mil kwanzas”, lamentaram.
De acordo com os visados, no mês Outubro do ano passado, um grupo de estudante do 1º ano fez uma queixa-crime ao Serviço de Investigação Criminal (SIC), sobre a subida do valor da propina e que as partes já foram ouvidas, mas até aqui não há nenhum resultado da queixa que se alicerçou na ideia de que foram enganados.
Em nota informativa, uma associação de estudantes da UPRA lamentou o fato de uma universidade ter subido de forma excessiva o preço do curso de medicina.
“O ano passado, fruto das manifestações que concordam, acordou-se que nenhum estudante deve fazer a constância, bem como nenhum candidato deve fazer a matrícula, até que o caso fosse resolvido”, refer a associação.
“No ano passado, a associação fez um acordo com a direção da UPRA e ficou acordado que haveria apenas um aumento de 13% como determinado o Ministério das Finanças em concordância com Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação. Não percebemos como a Administração fez subir o preço dessa maneira “, referiu a nota.
Já a Associação dos Estudantes das Universidades Privadas de Angola (AEUPA) disse ao Novo Jornal que tem recebido diariamente um número elevado de reclamações provenientes dos estudantes e encarregados da UPRA.
Joaquim Caiombo presidente da AEUPA saliente que os ministérios do Ensino Superior e das Finanças, em 2020, autorizaram apenas um aumento de até 13% das propinas no subsistema do ensino superior e, calculando que essa percentagem são de lei, não se percebe como a direção da UPRA aumentou o preço da propina aumenta e sem nenhum respaldo legal.
“Esse valor está fora do Decreto Presidencial n.º 206/11, de 29 de Outubro, que aprova como bases gerais para a organização do sistema nacional de preços e o ensino não está sobre as bases dos preços livres. Logo não é permissível que as deficiente pagar propinas preços mensalmente “, aulasu.
Segundo Joaquim Caiombo, apesar do curso de Medicina ser complexo, o preço não é digno de ser procurado em Angola.
“Lamentavelmente estamos tristes com o Ministério das Finanças, sendo a instituição que autoriza legalmente o aumento de propinas no subsistema do ensino superior, mas o mesmo continua sem silêncio”, disse e acrescentou que “há um grupo de estudante do 1.º, 2 .º e 3.º atitude que têm manifestado intenção de fazer uma marcha condenando tal “.
Sobre o assunto, a Novo Jornal contactou a direcção da Universidade Privada de Angola, mas a secretaria da UPRA exigiu uma solicitação por escrito para dar explicações, o que resulta na impossibilidade de ouvir o que esta tem para dizer sobre as reclamações dos estudantes.
No entanto, uma fonte próxima à reitoria que solicitou anonimato, contou ao Novo Jornal que a universidade fez subir o preço do curso de Medicina no primeiro ano, baseando-se na depreciação do Kwanza, custo do material gastável dos laboratórios e da construção do Centro Policlínico Universitário (CEPOU), que foi inaugurado no passado dia 22, e que oferecerá estágios a todos os estudantes de saúde a partir do 3.º ano, que exigiu um avultado investimento.