O presidente do Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, foi hoje detido, disse à Lusa o seu advogado, Salvador Freire
“Ficou detido no Serviço de Investigação Criminal”, afirmou.
Segundo Salvador Freire, Zecamutchima foi chamado para prestar declarações, tendo ao advogado exigido que fosse notificado para tal.
“Foi difícil passarem a notificação da detenção, só nessa altura nos foi dado a conhecer que havia um mandado de detenção passado pelo Procurador da Lunda Norte”, disse à Lusa.
Salvador Freire adiantou que Zecamutchima é acusado dos crimes de rebelião e associação de malfeitores.
Declarando-se “surpreendido”, o advogado afirmou que está a “fazer tudo para deixar cair os crimes” que constam no mandado.
Em 30 de janeiro, segundo a polícia angolana, cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende a autonomia daquela região, tentaram invadir uma esquadra policial, obrigando as forças de ordem a defender-se, provocando seis mortes,
A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local, que falam pelo menos 25 mortos e alegam que se tratou de uma tentativa de manifestação, previamente comunicada às autoridades, e que os manifestantes estavam desarmados.
O Movimento Protetorado da Lunda Tchokwe luta pela autonomia da região das Lundas, no Leste-Norte de Angola.
A autonomia da região das Lundas (Lunda Norte e Lunda Sul, no leste angolano), rica em diamantes, é reivindicada por este movimento que se baseia num Acordo de Protetorado celebrado entre nativos Lunda-Tchokwe e Portugal nos anos 1885 e 1894, que daria ao território um estatuto internacionalmente reconhecido.
Portugal teria ignorado a condição do reino quando negociou a independência de Angola entre 1974/1975 apenas com os movimentos de libertação, segundo o movimento.