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Angola: Oposição condena “clima de terror” em Angola

As lideranças da UNITA, PRA-JA Servir Angola e Bloco Democrático dizem ser imperioso que os angolanos se unam para “ajudar” o MPLA a ir para a oposição. Para os partidos, o “regime” é incapaz de “construir a democracia”.

Adalberto Costa Júnior (UNITA), Abel Chivukuvuku (PRA-JA) e Justino Pinto de Andrade (Bloco Democrático) alertam para um alegado caos que se estará prestes a instalar em Angola devido à forma como o Governo tem lidado com os últimos acontecimentos políticos no país, como é o caso da morte de membros do Protetorado Lunda Tchokwe na vila de Cafunfo, província da Lunda Norte, a 30 de janeiro.

Em comunicado conjunto, os dirigentes partidários consideram que os “atos de terror praticados no Cafunfo manifestam, mais uma vez, a incapacidade do regime do MPLA construir a democracia e a unidade da Nação” e comprometem o respeito pelos direitos, liberdades e garantias estabelecidos pela Constituição angolana.

“Com tal extremismo e a consequente acusação de que teria havido rebelião armada, o Governo pretende implementar uma estratégia que tem como objetivo a criação de um clima de terror e de caos generalizados no país, para encontrar bodes expiatórios ou justificações dos seus fracassos”, afirmam os líderes no comunicado lido pelo porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Marchal Dachala.

MPLA para a oposição

Os líderes da UNITA, PRA-JA Servir Angola e Bloco Democrático afirmam que cabe ao Presidente da República pôr fim a estas atitudes que dizem ser antipatrióticas, “começando por cessar, imediatamente, a onda de perseguições e caça ao homem em Cafunfo e em todo o país”. Exigem também a libertação de todos os “presos políticos” que estarão nos diversos municípios das Lundas, defendendo ainda um inquérito independente aos acontecimentos, sem a participação dos órgãos de defesa e segurança.

Ao mesmo tempo, o presidente do Bloco Demorático, Justino Pinto de Andrade, diz que o MPLA deveria ir para a oposição, para reconhecer a situação real de Angola.

“Esta exposição pública de três lideranças mostra que é possível, mesmo que tenhamos algumas diferenças entre nós, cooperarmos no sentido de ajudar o MPLA a ir para a oposição. Ficou provado que, ao longo de 45 anos, fomos mal governados. Ficou provado que ao longo de 45 anos fomos assaltados. Houve um verdadeiro assalto ao poder no nosso país. Fomos transformados praticamente em servos daqueles que mandam neste país.”

João Lourenço é “mau exemplo”

Esse assalto tem também sido feito através da corrupção, sublinham os políticos. Justino Pinto de Andrade, Adalberto Costa Júnior e Abel Chivukuvuku dizem que não ficaram surpreendidos com o relatório da consultora Pangea-Risk, divulgado esta semana, que associa o Presidente João Lourenço, e um círculo próximo, a alegadas práticas de fraude, corrupção e peculato.

Para os três líderes partidários, o relatório é a prova de que o combate à corrupção em Angola tem sido seletivo.

Segundo o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, durante os últimos três anos, a governação de João Lourenço incentivou a corrupção por intermédio da contratação pública. “Para quem estuda os aspetos da corrupção no mundo sabe que é na falha da contratação, através de concursos públicos, que se encontra o grosso da corrupção ao nível mundial”, disse, considerando a presidência de João Lourenço “um exemplo prático e negativo do incentivo à corrupção através da contratação pública. Não se pode simultaneamente combater a corrupção e depois ser o pior exemplo da negação desta mesma prática”.

Governo é “seletivo” na luta contra a corrupção

Adalberto Costa Júnior referiu que, como prova, basta olhar para o Diário da República. “O Fundo Monetário Internacional, no seu todo de intervenção em Angola, anda à volta de cerca de quatro mil milhões de dólares no máximo. E a contratação simplificada só num dos elementos ultrapassou toda a assistência do FMI.”

O coordenador do PRA-JA, Abel Chivukuvuku, disse que Angola necessita de um combate à corrupção generalizada.

“Hoje o que fazemos não é luta contra corrupção. É a luta contra a impunidade de décadas de anos a fio. E é por isso, que não pode ser seletiva, mas [deve ser] generalizada para que possamos ter uma governação patriótica”, defendeu Chivukuvuku.

 

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