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África: “Explosões na Guiné Equatorial fazem pelo menos 20 mortos”. A situação é catastrófica.

Pelo menos 17 pessoas morreram e outras 600 ficaram feridas após várias explosões num quartel militar em Bata, na Guiné Equatorial. Presidente do país fala em negligência e pede ajuda internacional.

Pelo menos 20 pessoas morreram e outras 600 ficaram feridas após várias explosões registadas este domingo num quartel militar na cidade de Bata, na Guiné Equatorial, informaram as autoridades. O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, pediu já a ajuda da comunidade internacional devido ao que classificou como um acidente causado por negligência. Entre os mortos haverá várias crianças.

O balanço provisório é de 600 feridos e 20 mortos, além de várias casas vizinhas do quartel, que ficaram totalmente destruídas como consequência das ondas de choque”, adiantou o Ministério da Defesa em comunicado.

Num comunicado oficial, lido na televisão pública TVGE, o Presidente da República disse que a cidade de Bata foi “vítima de um acidente causado por negligência e descuido da unidade responsável pela guarda e proteção dos depósitos de dinamite e explosivos anexos ao quartel militar de Nkuantoma”. “A situação é catastrófica”, adiantou o ministro dos negócios estrangeiros do país, Simeon Oyono Esono Angue.

O impacto da explosão causou danos em quase todas as casas e edifícios em Bata”, disse o Presidente.

Os feridos estão distribuídos por três hospitais da cidade: 70 no Hospital la Paz, 150 no Hospital Geral de Bata e 200 no Hospital Nuevo Inseso. De acordo com a mesma fonte, as explosões ocorreram no bairro de Mondong Nkuantoma, em Bata, maior cidade e capital económica da Guiné Equatorial, onde se localiza um quartel militar.

Outras imagens mostravam crianças, mulheres, homens e pessoas idosas a fugirem do local envolto numa espessa coluna de fumo e poeira e quando ainda se continuavam a ouvir explosões. Perante este cenário, o Ministério da Defesa recomendou aos residentes dos bairros de Nkuantoma e Mondong, para que saiam de casa até amanhã devido ao risco de novas explosões.

“Estima-se que haja mortos e muitos desaparecidos debaixo dos escombros”, tinha adiantado antes o ministério, que pediu a médicos e enfermeiros voluntários para se dirigirem ao Hospital Regional de Bata. As autoridades de saúde apelaram também para a contribuição de dadores de sangue.

Para já é desconhecida a origem das explosões, mas uma fonte da Guiné Equatorial contactada pela agência Lusa adiantou que terá explodido o paiol do quartel militar do bairro de Nkoantoma, o maior do país, e que a “explicação mais plausível é que se trate de um acidente”.

Este quartel fica situado num zona habitacional e imagens transmitidas pela TVGE mostram dezenas de pessoas a fugir do local, muitas delas feridas. As imagens também mostram uma espessa coluna de fumo.

Três das explosões ocorreram cerca das 15h00 locais (14h00 em Lisboa) e duas horas mais tarde ocorreu uma quarta. De acordo com as autoridades equato-guineenses, equipas médicas e de bombeiros foram mobilizadas para o local.

Os feridos estão a ser transportados para os hospitais de La Paz, Nuevo Inseso e Regional de Bata. O vice-presidente e responsável pela Defesa e Segurança, Teodoro Nguema Obiang Mangue, conhecido como ‘Teodorin’, filho do Presidente Teodoro Obiang, apareceu na TVGE a visitar o local rodeado de um forte aparato de segurança dos seus habituais guarda-costas israelitas.

Localizada na parte continental, Bata concentra cerca de 800 mil habitantes dos 1,4 milhões de residentes deste país da África Central, rico em petróleo e gás, mas onde a maioria da população vive abaixo do limiar da pobreza.

De acordo com o comunicado oficial, foram queimadas em terrenos das proximidades que alastraram aos paióis e causaram as explosões, mas Teodoro Obiang informou ter ordenado a abertura de uma investigação exaustiva às causas do acidente.

O chefe de Estado explicou que das explosões resultaram pelo menos 15 mortos e mais de 500 feridos, embora o Ministério da Saúde e Bem Estar Social tenha avançado durante a tarde que pelo menos 17 pessoas morreram e informação divulgada pela televisão pública TVGE fale em pelo menos 20 mortos.

Teodoro Obiang apresentou condolências aos familiares das vítimas, desejou as melhoras aos feridos e apelou para o apoio da comunidade internacional, acrescentando que o acidente acontece numa altura em que o país atravessa uma crise económica provocada pela quebra dos preços do petróleo e uma crise sanitária resultante da pandemia de covid-19.

O chefe de Estado estimou que devido à “grandeza dos danos causados nas infraestruturas públicas e privadas”, a Guiné Equatorial necessitará do apoio internacional e dos parceiros privados no país para conseguir os volumes financeiros necessários para a recuperação.

Guiné Equatorial pede ajuda internacional

Com o objetivo de fazer o mesmo apelo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, reuniu-se este domingo com o corpo diplomático acreditado em Malabo para pedir a ajuda dos parceiros internacionais.

A situação é catastrófica e neste momento o povo da Guiné Equatorial está totalmente devastado”, afirmou Simeon Oyono Esono Angue.

“É importante para nós pedirmos aos nossos países irmãos a sua ajuda nesta lamentável situação, uma vez que temos uma emergência de saúde (devido à Covid-19) e à tragédia em Bata”, frisou.

Um médico, citado pela TVGE apenas pelo primeiro nome – Florentino – classificou a situação como um “momento de crise”, adiantando que os hospitais estavam superlotados.

Disse ainda que um centro desportivo criado para pacientes de covid-19 será utilizado para receber feridos ligeiros. A estação Radio Macuto disse na rede social Twitter que as pessoas estavam a ser retiradas num raio de quatro quilómetros por causa do fumo

Após a explosão, a Embaixada de Espanha na Guiné Equatorial recomendou que “os cidadãos espanhóis permaneçam nas suas casas”.

A Guiné Equatorial integra a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.

Movimento exige ao Governo da Guiné Equatorial que “não poupe meios” na ajuda às vitimas

A recém-criada plataforma de cidadãos “Guiné Equatorial Também é Nossa” (GE Nuestra, em espanhol) exigiu este domingo ao Governo que “não poupe meios para ajudar as vítimas” das explosões na cidade de Bata, defendendo rapidez e transparência na informação.

“A GE Nuestra exige que as autoridades sejam tão transparentes e pontuais quanto possível na informação sobre as causas destas explosões. Da mesma forma, dada a gravidade dos factos, exige que o Governo não poupe meios para ajudar as vítimas”, defendeu a plataforma, num comunicado enviado à agência Lusa.

O chefe de Estado, Teodoro Obiang, falou em pelo menos 15 mortos, os serviços do Ministério da Saúde referiram 17 e a televisão pública TVGE aponta 20 pessoas mortas em consequência das explosões, que foram consideradas acidentais.

A plataforma GE Nuestra advogou a mobilização de todo o pessoal de saúde e que seja pedida ajuda internacional de emergência “dada a fraca capacidade do sistema de saúde para lidar” com tão grande número de feridos.

A organização propõe ainda a transferência de vítimas para os países vizinhos, a gratuidade de todos os serviços de saúde, o acolhimento urgente e gratuito em hotéis para as pessoas que ficaram sem casas e a mobilização de cadeias de supermercados para oferecer bens de primeira necessidade aos doentes e pessoal médico.

Pedem ainda que sejam disponibilizadas comunicações telefónicas e Internet gratuitas à população de Bata durante pelo menos uma semana para facilitar os contactos com familiares, entre outras medidas.

Na mesma nota, a organização expressa “profunda solidariedade” e apresenta “condolências às famílias das vítimas”, desejando “rápida recuperação para os feridos”. “A Guiné Equatorial é também nossa e estaremos atentos aos acontecimentos, porque somos todos Bata”, frisou a plataforma.

A recém-criada plataforma GE Nuestra junta líderes da sociedade civil, defensores dos direitos humanos, ativistas e profissionais na Guiné Equatorial e no estrangeiro com o objetivo de estabelecer um Estado democrático e de direito na Guiné Equatorial.

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