A ala brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola questionou hoje a legitimidade de o ministro da Cultura angolana decidir quem é o líder da IURD e salientou que o conflito “ainda não acabou”.
A posição foi hoje dada a conhecer em conferência de imprensa, numa moção de repúdio lida pelo bispo Alberto Segunda, após uma entrevista do ministro da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola, Jomo Fortunato, à televisão pública angolana (TPA), na qual afirmou que a nova direção local da IURD é a interlocutora formal do Estado.
Jomo Fortunato destacou que, para o Governo, “já não há conflito” no seio da IURD depois da eleição, pela ala angolana, do bispo Valente Bizerra Luís, no início de fevereiro, pondo fim à comissão de reforma, em funções desde novembro de 2020.
A legitimidade desta assembleia-geral tem sido contestada pela anterior direção da IURD Angola, afeta à hierarquia brasileira, da qual saiu a ala dissidente agora legitimada pelo Governo depois das suas deliberações terem sido confirmadas pelo Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR).
Na conferência de imprensa, Alberto Segunda falou em “golpe” e dirigindo-se ao ministro da Cultura salientou que “o conflito começou quando rebeldes desobedeceram e começaram a perseguir a autoridade constituída por Deus” e tomaram as igrejas.
O texto da moção salienta ainda que “o conflito ainda não acabou, o conflito aumentou”, e “vai ser conhecido em todo o mundo”.
“Nós, bispos, pastores, obreiros e membros da Igreja universal vamos resistir até ao fim”, prometem os fiéis da ala brasileira, acrescentando que a IURD “não é dos rebeldes, nem do Governo, nem da PGR [Procuradoria-Geral da República]”, mas pertence aos seus obreiros, membros e pastores “que decidem manter a direção espiritual do bispo Edir Macedo”, fundador da seita evangélica brasileira.
“Ano após ano, a IURD é atacada e acusada pela prática de diversos crimes que nunca são provados em Tribunal”, diz ainda a moção, acusando a comunicação social de parcialidade, contrapondo o facto de Angola ser um país laico com as declarações do ministro.
“Que direito tem o ministro da Cultura de decidir quem deve ser o líder da IURD?”, interroga o documento.
O mesmo texto refere que a moção “não visa encobrir, interferir as investigações do processo em curso e muito menos concordar com atos criminosos”, acrescentando que “um grosso número de membros da IURD não aceita a rebelião” que dizem ser protagonizada pelos dissidentes angolanos
“A presente conferência visa demonstrar que tudo o que tem ocorrido com a IURD, desde novembro de 2019 passado, não passa de um teatro mediático, cujo intuito é o de convencer a opinião pública de que a IURD nada mais é do que uma associação criminosa, e ao mesmo tempo, criar um tribunal paralelo para efeitos de julgamento da Igreja em praça pública, através de inúmeras montagens audiovisuais”, acusou Alberto Segunda.
A IURD termina reafirmando que não subscreve “o pronunciamento proferido pelo Ministério da Cultura, nem tão pouco pelo INAR, mantendo desta forma inalteráveis a constituição do Conselho Diretivo da IURD, liderada mundialmente pelo bispo Edir Macedo e, em Angola, pelo bispo Honorilton Gonçalves”.
A moção recorda que, em novembro de 2019, “um grupo composto por ex-bispos, ex-pastores e pastores dissidentes com fins inconfessos e infundados, apresentaram um suposto manifesto pastoral que originou uma ação criminal contra a atual liderança espiritual da IURD” devido a várias queixas crimes contra a Igreja, pastores e bispos de nacionalidade brasileira.
Nesse mesmo mês, a IURD realizou uma assembleia extraordinária da IURD, na qual deliberou o afastamento de Valente Luís Bezerra — atual representante legal da IURD, reconhecido pelo Instituto Nacional de Assuntos Religiosos — e outros dissidentes por violação ao estatuto da igreja fundada no Brasil por Edir Macedo.
O documento continua referindo que os dissidentes, sem esperar a tramitação dos processos “por eles mesmos instaurados no Serviço de Investigação Criminal e nos tribunais”, assaltaram templos da IURD em diversas províncias angolanas em junho de 2020, e “chegaram mesmo a agredir verbal e fisicamente alguns pastores, esposas e obreiros”.
“De lá para cá, temos vindo a assistir a ações macabras, pois passa-se para a opinião pública que existem alas (conflitos) dentro da IURD, e que os angolanos decretaram uma rutura com a liderança brasileira”, o que o documento rejeita.
A crise na IURD em Angola resulta de divergências entre pastores e bispos angolanos e brasileiros sobre a gestão dessa instituição e queixas de humilhações, discriminação e crimes económicos.
Após meses de conflitos e convulsões internas, a IURD em Angola cindiu-se, tendo a ala dissidente (angolana) criado uma Comissão de Reforma, em divergência com a direção brasileira, que diz estar legitimada numa nova IURD de Angola, facto agora reconhecido pelo Governo.
A Procuradoria-Geral da República de Angola apreendeu e mandou encerrar, no ano passado, as catedrais da IURD em várias províncias angolanas pela alegada prática dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal, exportação ilícita de capitais e outros ilícitos de natureza análoga, na sequência da disputa.
Na sexta-feira, a IURD lamentou, em declarações à Lusa, que o Governo angolano tenha reconhecido a “legitimidade dos criminosos que cometeram uma série de atentados” contra o grupo neopentecostal no país africano.
“A IURD lamenta as recentes declarações de autoridades do Governo de Angola, que, supostamente, teriam reconhecido a legitimidade dos criminosos que cometeram uma série de atentados contra a Universal e as leis do país africano. (…) A Universal espera que as autoridades angolanas mantenham a postura revelada até agora, de respeito ao judiciário, às leis do país e aos tratados internacionais, como a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos”, indicou a Igreja, num comunicado enviado à Lusa.
No comunicado, a IURD no Brasil indicou que a comissão da reforma mencionada pelo ministro angolano “é formada por um grupo de ex-pastores, expulsos por gravíssimos desvios de conduta, que atacou e invadiu diversos templos da Universal naquele país”.
“Desde então, com clara motivação xenofóbica, esse grupo vem praticando uma série de atos criminosos de agressão física, psicológica, ameaças, difamações e perseguição religiosa”, salientou o departamento de Comunicação Social e de Relações Institucionais da IURD no Brasil.
Entre os crimes apontados pela IURD aos membros da comissão de reforma está ainda a falsificação de uma ata de assembleia, com o objetivo de encerrar “o serviço eclesiástico pela Universal dos missionários brasileiros em todo o território nacional”.
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