O MPLA (poder em Angola) reconheceu hoje que muitas empresas e cidadãos angolanos vivem “situações de penúria” e exortou as famílias a esperar dias melhores e “disciplinarem os seus membros a controlar os ânimos”, observando que “manifestações não geram empregos”.
“Reconhecemos (…) que muitas das empresas e famílias ainda vivem situações de escassez, de penúria, de desemprego para a juventude, que exige trabalho e melhores condições, este é um desafio que é colocado nas mãos de todos os angolanos para, em conjunto, ultrapassarmos todas as dificuldades”, afirmou hoje o presidente do grupo parlamentar do MPLA, Américo Kuononoca.
O líder parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) pretendeu transmitir uma mensagem de coragem às famílias angolanas e a juventude, realçando que, em ambiente de crise, “é a solidariedade familiar, solidariedade social e o voluntariado que podem minorar o sofrimento e a escassez”.
O posicionamento do político do MPLA foi apresentado hoje na sua declaração política alusiva à sétima reunião plenária extraordinária da quarta sessão legislativa da quarta legislatura da Assembleia Nacional.
Ciente das atuais dificuldades socioeconómicas por que passam diariamente várias famílias e empresas pelo país, exortou, sobretudo os jovens, a observarem a “disciplina e obediência”, considerando que, embora sendo um direito, “as manifestações não geram emprego”.
“Nunca são as manifestações que resolvem outras necessidades das nossas populações, mas sim a vontade de superar, com espírito patriótico, com a competência profissional, a disciplina, a obediência, a oferta e a cooperação entre trabalhadores e entidade patronal, isto sim é que nos permite superar”, defendeu o político.
Cidadãos de diferentes estratos sociais, sobretudo jovens, têm promovido nos últimos tempos várias manifestações, em Luanda e no interior de Angola, exigindo melhores condições de vida e emprego, melhoria das condições de vida e realização de eleições autárquicas, entre outros.
Américo Kuononoca exortou ainda os jovens a superar as dificuldades “com resiliência” e “nunca com ódio entre classes ou grupos”.
Os mais abastados “devem solidarizar-se com os que menos têm, o Estado deve exercer a sua função e as famílias devem educar e disciplinar os seus membros a controlar os ânimos esperando por dias melhores”, incentivou.
“Não afrontando autoridades, não injuriando ou ameaçando outros cidadãos, não fazendo zombaria sobre a condição dos outros em agonia ou aflição, mas promovendo o espírito e a dignidade de cada um de nós”, acrescentou.
A revisão constitucional proposta pelo Presidente angolano, João Lourenço, foi igualmente um dos temas elencados na intervenção de Américo Kuononoca para quem o chefe de Estado angolano e líder do MPLA “são a razão da estabilidade política” no país.
Para o deputado do MPLA, a iniciativa de revisão pontual da Constituição da República de Angola (CRA) sinaliza “respostas que João Lourenço tem dado a diferentes situações apresentadas pela sociedade civil”.
“Ouvimos e lemos mensagens precipitadas que se apressam em encontrar falhas ou nos impor doutrinas que não colhem na nossa sociedade, com desconfianças e suspeições imaginadas pelos profetas do ceticismo e do pessimismo, por discordarem ou não compreenderem o sentido da iniciativa do Presidente da República”, atirou.
Porém, notou, a discussão na sessão plenária no parlamento, em 18 de março, que aprovou a admissão das propostas de revisão da CRA para a consequente discussão nas comissões especializadas do parlamento, “já esclareceu amplamente os principais pontos de discórdia”.
Na plenária desta quarta-feira, o parlamento angolano aprovou também a lei que altera a Lei sobre as Áreas de Conservação Ambiental, apenas com votos favoráveis do MPLA, visando acomodar a exploração de recursos minerais, petróleo e gás nas zonas protegidas.
As alterações à lei sobre as Áreas de Conservação, argumentou Américo Kuononoca, “vêm responder ao desígnio de garantir um equilíbrio entre a preservação do ambiente e a garantia da sobrevivência das gerações futuras procurando conhecer os recursos existentes no subsolo”.