Na escolha do Dubai como local para João Lourenço ser visto por dois médicos, um norte-americano e um espanhol, que do antecedente acompanham problemas de saúde de que padece, e que para o efeito se deslocaram dos seus países, foi tido em conta o facto de José Eduardo dos Santos (JES) se encontrar ali, instalado num hotel, desde há cerca de dois meses.
Manuel Vicente (MV) que a pedido de João Lourenço teve um papel de intermediário, também se encontrava no Dubai. Albino Malungo, embaixador angolano, é também próximo de João Lourenço. A existência de uma “frente interna” de contestação a João Lourenço, como é chamada a facção, que lhe é adversa no MPLA, é considerada “particularmente delicada” tendo em conta o clima de crispação e/ou instabilidade política que o país atravessa.
João Lourenço e suas políticas constituem também o alvo de outra “frente” de contestação, esta animada pela oposição e por sectores da sociedade. Considera-se que a similitude de propósitos entre as duas “frentes” tenda a dar lugar a fenómenos recíprocos de encorajamento e conforto.
No plano do acompanhamento que faz da actual situação interna, o SINSE presta especial atenção a atitudes e/ou a comportamentos vistos como sendo “solidários” com a oposição provindos de quadros do MPLA identificados como críticos de João Lourenço. A pressão exercida pelo regime sobre o líder da UNITA, Adalberto da Costa Junior (ACJ) tem dado azo a manifestações de solidariedade para com o próprio provindas de quadros do MPLA em alegado desacordo com os processos e métodos usados.
A necessidade de uma reaproximação a JES como condição para a pacificação do MPLA que por vez conduza a um esmorecimento da contestação a João Lourenço, remete o actual PR para uma posição de fraqueza. Por definição, JES tenderia a explorar a circunstância a seu favor tendo em conta o espírito vingativo que lhe é reconhecido ante os seus ressentimentos em relação a João Lourenço.
