A Namíbia registou, nos últimos três meses, a entrada ilegal de cerca de 10.000 angolanos, afetados pela seca, situação que preocupa as autoridades daquele país, disse hoje o embaixador do país vizinho em Angola.
Patrick Nandago falava à margem da 21.ª reunião bilateral entre os ministérios do Interior de Angola e da Namíbia, que hoje arrancou até sexta-feira no Lubango, capital da província angolana da Huíla, para abordar temas de interesse comum, nomeadamente a imigração, ordem e segurança pública.
O diplomata namibiano, citado pela agência noticiosa angolana, Angop, frisou que a seca que afeta províncias do sul de Angola também atingiu o norte da Namíbia, manifestando preocupação com a imigração ilegal de angolanos para o seu país.
Segundo Patrick Nandago, dados do Ministério do Interior da Namíbia revelam a existência, nos últimos três meses, de pelo menos 10.000 angolanos de forma irregular na Namíbia, afetados pela seca e em situação difícil.
O embaixador da Namíbia em Angola considerou degradantes as condições de vida das pessoas, afastando a hipótese de uma crise humanitária, por enquanto, sendo necessário que as autoridades de ambos os países se empenhem na busca de uma solução.
Patrick Nandago manifestou também a disponibilidade do seu país para a abertura de fronteira com Angola, encerrada em março de 2020, devido à pandemia de covid-19, com exceção para situações de saúde, sobretudo de angolanos.
De acordo com o diplomata namibiano, o encerramento da fronteira afetou negativamente a vida dos dois povos, com destaque para os das províncias angolanas do Cuando Cubango, Cunene, Namibe e, parte da Huíla, de onde são muitos jovens que estudam na Namíbia.
“Esses jovens, em 2020 não puderam estudar, em função do encerramento da fronteira. Temos também um número considerável de angolanos que buscam [serviços de] saúde na Namíbia, pois embora haja algumas maneiras de facilitar a entrada, ainda se registam certos embaraços”, indicou.
A disponibilidade do Governo da Namíbia será manifestada durante o encontro, disse Patrick Nandago, esperando que Angola acolha a proposta namibiana, que já enviou alguns oficiais para a região fronteiriça de Oshikango para tratar dessa questão, frisando que é preciso que as pessoas cumpram com as medidas de biossegurança de prevenção do covid-19 recomendadas pelas autoridades.
A agenda de trabalhos, que hoje e quinta-feira está a ser levada a cabo por peritos dos dois países, coordenada da parte angolana pelo comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, termina sexta-feira com a assinatura de vários acordos em matéria de ordem e segurança interna, ato a ser presidido pelo ministro do Interior angolano, Eugénio Laborinho.
A imigração ilegal, o tráfico de drogas, o roubo de gado, a situação carcerária e a reabertura da fronteira entre os dois países, bem como reforço da cooperação em matérias de especialidade, são os temas que vão dominar os três dias de trabalho.