Centenas de crianças com má nutrição estão internadas na Pediatria do Hospital Geral de Benguela numa altura em que esta instituição faz face a muitas críticas dos seus utentes. Unidade hospitalar criticada por fracas condições de assistência.
A situação sanitária é cada vez mais preocupante, com 304 crianças internadas por desnutrição.
Dois a quatro pacientes numa cama, mesmo com patologias diferentes, e corredores abarrotados por falta de espaço são a amostra de um cenário de crise na pediatria do Hospital Geral de Benguela (HGB), em Angola, a braços com casos de malária, má nutrição e diarreias.
Insuficiência alimentar e escassez de medicamentos, já assumidas pelas autoridades, complementam o quadro sombrio numa unidade com seiscentas e vinte crianças, o triplo da sua capacidade de internamento.
Em entrevista à Rádio Benguela, a responsável pela pediatria, Aida Epalanga, disse o grande número de crianças com má nutriçã reflecte a poreza que se faz sentir na região.
“O que se passa, em relação à má nutrição, é mesmo a carência das próprias famílias”, disse acrescentndo que “nestes dias a fome assola as nossas famílias, e nós temos 304 pacientes internados com má nutrição”.
A pediatria do HGB tem capacidade para 200 pacientes.
João Domingos pai de uma criança com má nutrição disse que no hospital “só dão leite, o medicamento é para comprar”.
“Três ou quatro pessoas ficam na mesma cama, não há espaço, os doentes dormem fora”, acrescentou .
João Changalala, pai de uma pequena com malária, disse ter-lhe sido afirmado “no banco externo que já não há espaço para consulta” apesar de ter chegado ao local durante a manhã.
A activista cívica Finúria Silvano, defensora de reformas no sistema de saúde, esteve com a filha no Hospital Geral de Benguela, mas rejeitou o internamento.
“Aquilo é uma porcaria, está mal, pessoas no corredor… o Ministerio da Saúde tem de fazer algo. Caso contrário, pode ser tarde, muita gente vai morrer”, escreveu numa rede social.
“O senhor (governador) Luís Nunes, que tem fama de trabalhar muito, deve ir para lá. Eu não aceitei internar, disse que preferia ver meu filho morrer nos meus braços”, acrescentou Finúria.