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Guiné-Bissau: Portugal deve ser “mais criterioso” na abordagem de determinadas questões, defende PAIGC

Presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde afirma que nunca esteve em guerra com Marcelo, mas que o Presidente não pode dar oportunidade a “branqueamento”.

O líder PAIGC, Domingos Simões Pereira, afirmou esta terça-feira que Portugal deve ser mais criterioso na forma como aborda determinadas questões e que não está em guerra com o Presidente português.

Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), falava no final de um encontro com o Presidente português na residência do embaixador de Portugal, em Bissau.

Eu não estive nunca em guerra com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Não há aqui pazes entre gente que não está em guerra”, disse Domingos Simões Pereira, quando questionado se tinha feito as pazes com o Presidente português.

O líder do PAIGC explicou que se tratou de um encontro de cortesia e que serviu para “explicar melhor” a posição do partido sobre a visita oficial que Marcelo Rebelo de Sousa fez a Bissau. O Presidente português iniciou segunda-feira uma visita oficial a Bissau, que termina esta segunda-feira, e que foi criticada pelo PAIGC.

“A visita de qualquer estadista português é sempre um momento muito especial para o povo guineense, contudo há a necessidade de se ter atenção para não emprestar oportunidades de branqueamento, que não devem ser aceitáveis”, apontou Domingos Simões Pereira.

Para o líder do PAIGC, a Guiné-Bissau tem atualmente um “regime autoritário, um Presidente da República autoproclamado, e que se baseia em algo que ele próprio intitulou de simbólico para a partir daí tomar um conjunto de decisões que vão contra” a Constituição da Guiné-Bissau.

Mas tudo isto já era do conhecimento do Presidente Rebelo de Sousa. Chamamos a atenção para a necessidade de Portugal ser mais cuidadoso e mais criterioso na forma como aborda determinadas questões”, salientou.

“Muitas visitas podem ser mais uma visita, a visita de um dignitário de Portugal pode e deve significar bastante mais, porque tem uma responsabilidade histórica, e é à volta dessa responsabilidade histórica que tem de se posicionar, senão fica desfasado e aí é complicada”, sublinhou.

Para Domingos Simões Pereira, é importante o chefe de Estado português perceber “quais são os desafios que o povo guineense enfrenta e como é que Portugal deve equacionar essa parceria, que de facto deve existir“. O líder do PAIGC salientou também que o regime democrático não se faz sem o respeito da lei e, por isso, os deputados do seu partido no parlamento recusaram participar no encontro com o Presidente português.

Segundo Domingos Simões Pereira, Portugal tem obrigação de saber que o atual chefe de Estado guineense não tomou posse numa assembleia legalmente constituída e que o governo no poder resulta de uma iniciativa presidencial, o que considerou uma “aberração num sistema de governo semipresidencialista”.

Finalmente, quantos cidadãos políticos, deputados da nação, jornalistas, cidadãos anónimos, foram agredidos durante esta vigência do mandato, também esperamos que o Presidente Rebelo de Sousa tenha alguma resposta em relação a estas questões, porque ele tem uma responsabilidade em relação a isso”, concluiu.

Antes de reunir-se com o líder do PAIGC, o Presidente português recebeu o coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, e o presidente do Partido da Renovação Social (PRS), Alberto Nambeia.

O PAIGC venceu as eleições legislativas de 2019, mas após ter tomado posse como Presidente, Umaro Sissoco Embaló demitiu o governo liderado por Aristides Gomes e formou um composto pelo Madem-G15, PRS, APU-PDGB e outros movimentos, que o apoiaram na segunda volta das presidenciais.

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