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EUA: Quem é o “Oficial cabecilha” da tentativa de roubo de milhões em Angola?

Oficiais da Casa de Segurança do Presidente investigados no âmbito da apreensão de milhões de euros, dólares e kwanzas. Suspeita-se de crimes de peculato, retenção de moeda e associação criminosa. UNITA pede explicações.

A Procuradoria-Geral da República anunciou, na segunda-feira (24.05), a apreensão de 10 milhões de dólares, 700 mil euros, 800 milhões de kwanzas, 45 apartamentos de luxo em Luanda, cinco apartamentos em Lisboa, um apartamento na Namíbia e 15 viaturas topo de gama.

Um dos oficiais supostamente envolvidos no caso, o chefe das finanças da banda musical da Presidência da República, o major Pedro Lussaty, foi detido.

Mas, para Maurílio Luiele, deputado do maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), “o major não é o cabecilha deste esquema de corrupção”. Luiele diz que é preciso investigar se o major seria um “testa de ferro” e apurar quem são os responsáveis.

Há muitas questões por responder em relação a este caso: Ao todo, quantas pessoas estariam envolvidas? E em que mandato teriam sido desviados os valores?

Celson Capote, da rede de ativistas cívicos do Namibe, refere que os milhões apreendidos muito dificilmente seriam provenientes apenas de ordenados: “Um major [alegadamente] com tanta riqueza como esta, duvido que seria do seu próprio salário. Ainda há pessoas metidas nisso”, comenta.

Por outro lado, há também quem pergunte se esta não será apenas uma manobra política para distrair a sociedade e mostrar alguns resultados no âmbito da luta contra a corrupção.

Dois pesos e duas medidas

O escândalo surge na mesma altura em que o Presidente João Lourenço exonerou vários oficiais da sua Casa de Segurança, na segunda-feira (24.05).

Maurílio Luiele olha, no entanto, com espanto para esta ação do chefe de Estado. O político da UNITA questiona: porque é que João Lourenço agiu tão rapidamente desta vez e tão lentamente noutras ocasiões em que houve alegacões de corrupção?

“A revelação deste esquema de corrupção é mais uma demonstração do caráter seletivo que o combate contra a corrupção assumiu”, entende.

Luiele lembra que “contra esses generais exonerados, o Presidente agiu, aparentemente. Mas manteve-se calado quando houve denúncias contra o Dr. Edeltrudes Costa [o chefe de Gabinete do Presidente] e o ministro da Energia e Águas.”

O deputado diz que, para não haver “dois pesos e duas medidas” na luta contra a corrupção, os dois também deveriam ser exonerados.

“Ninguém tem medo de continuar a roubar”

Para Adão Ramos, ativista e político do Bloco Democrático, há dois centros da corrupção em Angola, que é preciso enfrentar urgentemente.

“Um é o próprio MPLA, o partido no poder, mormente, o seu ‘bureau’ político. O outro é a Presidência da República. Por aí partiu tudo o que tem a ver com essa corrupção que hoje se diz estar a combater, e depois se disseminou para a Sonangol e para outros espaços onde se processou e se processa a corrupção.” 

Face a estas novas apreensões de milhões de kwanzas e dólares, Adão Ramos pergunta “como é que se vai combater a corrupção se, ao nível da Presidência da República, ninguém tem medo de continuar a roubar e a tirar o dinheiro do país para fora?”

O ativista Celson Capote pede que se ponha rapidamente fim a tudo isto. Mais de metade da população angolana vive na pobreza “uma das causas da pobreza em Angola é mesmo a corrupção”, conclui Capote.

 

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