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EUA: “Lapso” do presidente angolano deixa incompleta depuração na Casa de Segurança (I)

Com a exoneração, ontem, do General Pedro Sebastião, o Presidente da República deveria dar por terminada a limpeza de balneário na sua Casa de Segurança, iniciada há exactamente uma semana.

No dia 24, a Casa Civil  do Presidente da República anunciou as exonerações dos Tenentes Generais Ernesto Guerra Pires, do cargo de Consultor do Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Angelino Domingos Vieira, do cargo de Secretário para o Pessoal e Quadros da Casa de Segurança do Presidente da República, José Manuel Felipe Fernandes, do cargo de Secretário-Geral da Casa de Segurança do Presidente da República, João Francisco Cristóvão, do cargo de Director de Gabinete do Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Paulo Maria Bravo da Costa, do cargo de Secretário para Logística e Infra-Estruturas da Casa de Segurança do Presidente da República e do Brigadeiro José Barroso Nicolau, do cargo de Assistente Principal da Secretaria para os Assuntos dos Órgãos de Inteligência e Segurança de Estado da Casa de Segurança do Presidente da República.

No comunicado não foram explicadas as razões das surpreendentes exonerações.

Mas um comunicado da Procuradoria Geral da República, emitido na final do mesmo dia, destapou o véu.

No comunicado a PGR dava a conhecer que no “âmbito do Processo-crime n.10760/021-C, em que estão envolvidos oficiais das Forças Armadas Angolanas afectos à Casa de Segurança do Presidente da República, por suspeita de cometimento dos crimes de Peculato, Retenção de moeda, Associação criminosa e outros, foram apreendidos valores monetários em dinheiro sonante, guardados em caixas e malas, na ordem de milhões, em dólares norte-americanos, em Kwanzas, bem residências e viaturas”.

No comunicado, a PGR sublinhou que “a prática dos factos que estiveram na base da abertura do aludido Processo remonta a (há) muitos anos atrás”.

Também em conexão com o escandaloso caso envolvendo o Major Pedro Lussati, o Presidente da República exonerou no dia 28, sexta-feira, o director do Gabinete de Estudos Estratégicos da Casa de Segurança, Daniel Mingas Casimiro.

Após se ver “amputado” do seu staff, Pedro Sebastião ponderou, de imediato, colocar o cargo à disposição do Presidente da República. Na sexta-feira e já com a carta na pasta, Pedro Sebastião cedeu a pressões familiares e de companheiros de caserna no sentido de “não facilitar a vida” a João Lourenço.

“Se não te quer lá, deixa que seja ele a ficar com o ónus da tua exoneração”, ter-lhe-á dito um familiar, cujas opiniões Pedro Sebastião valoriza bastante.

Mas, depois de profunda reflexão no fim de semana e “encorajado” pela opinião pública, Pedro Sebastião decidiu contrariar a opinião de familiares e colegas de armas e na manhã de segunda-feira reuniu o pouco que sobrou do seu staff para lhe comunicar a sua decisão de sair e logo a seguir foi ao gabinete do Presidente da República entregar-lhe a carta de demissão. Sem pestanejar, João Lourenço aceitou prontamente o pedido de demissão. Ou seja, o chefe da Casa de Segurança tirou ao Presidente da República o gostinho e o prazer de lhe demitir.

Gorada a expectativa de receber a carta de demissão de PS até ao último dia útil da semana passada, João Lourenço, ele próprio também pressionado pelo trabalho não concluído que tinha iniciado, ontem o Presidente da República viu a vida facilitada quando o chefe da Casa de Segurança entrou no seu gabinete para lhe comunicar a sua demissão..

Com a exoneração do General de Pedro Sebastião, deveria estar concluída a “depuração” da Casa de Segurança não fosse um mais do que provável “lapso” do Presidente da República. É que o processo de depuração deixou de fora a segunda figura mais importante da Casa de Segurança do Presidente da República. Trata-se do General Sequeira João Lourenço (na foto de cima), o chefe adjunto da casa.

Irmão mais novo do Presidente da República, Sequeira João Lourenço foi secretário executivo da Casa Segurança, ao tempo em que foi dirigida pelo General Hélder Vieira Dias “Kopelipa”.

É desse período de gestão do General Kopelipa, coadjuvado por Sequeira Lourenço, que “remonta” a “prática dos factos que estiveram na base da abertura do Processo” em curso na Procuradoria Geral da República.

Pedro Sebastião contrariou familiares e colegas de armas e na manhã de segunda-feira reuniu o pouco que sobrou do seu staff para lhe comunicar a sua decisão de sair e logo a seguir foi ao gabinete do Presidente da República entregar-lhe a carta de demissão. Sem pestanejar, João Lourenço aceitou prontamente o pedido de demissão

Sequeira Lourenço, Filipe Figueiredo, secretário para os Assuntos de Telecomunicações e Informática, secretário para a Polícia Nacional e Ordem Interna sãos os únicos sobreviventes da depuração de João Lourenço. Todos eles transitaram do consulado do General Kopelipa.

No capítulo ontem dedicado ao Major Pedro Lussati, no “Banquete” que o SINSE/SIC serviram aos angolanos por via da TPA, foi revelado que as maiores trapaças financeiras operadas na Casa de Segurança do Presidente da República ocorreram entre 2011 e 2017. Período em que Sequeira Lourenço era chefe adjunto e secretário executivo da casa.

Nesse período, nenhum dos oficiais generais exonerados no dia 24, e agora sob investigação da Procuradoria Geral da República, tinha qualquer vínculo com a Casa de Segurança do Presidente da República.

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