As dinâmicas político-diplomáticas só funcionam se aqueles que elaboram tais dinâmicas são dotados de conhecimentos e tecnocracia em volta da diplomacia moderna, enquadrando-se nas exigências da política internacional levando adiante os interesses do próprio Estado, mantendo ao mais alto nível a cooperação bilateral em diferentes áreas, tais como: áreas económicas, comerciais, militares, políticas, tecnológicas, científicas, etc.
O MIREX apesar de ser o Ministério que se ocupa da política externa angolana, na prática não consegue desenvolver estratégias diplomáticas que possam catapultar o nosso País na arena internacional, tudo porque os diplomatas que temos carecem não somente de formação universitária mas também carecem de formação técnico-profissional no âmbito diplomático e consular, e o factor tráfico de influência e o factor corrupção é ainda um dos graves problemas dentro do MIREX.
As Embaixadas angolanas se parecem muito mais com lugares de aposentadoria do que com estruturas diplomáticas, aí tu encontras de tudo um pouco: políticos em fim de carreira, funcionários a cima dos 60, 65, 70 anos de idade, doentes partidários (familiares ligados aos membros do governo), bajuladores e espiões que perseguem de forma aleatória e deliberada o próprio angolano. E quase todos gozam das mesmas características relacionadas à incompetência e a inresponsabilidade.
O Presidente da República havia prometido transformar as nossas instituições diplomáticas em prol dos interesses das comunidades angolanas na diáspora, mas a prática mostrou o contrário, as nossas Embaixadas e Consulados distanciaram-se duas vezes mais dos cidadãos, e a arrogância dos diplomatas e a desorganização continuam em alta, o funcionamento interno é precário, os documentos duram meses e meses as vezes duram anos é o caso dos passaportes, sem mencionar o facto que muitos estão aí por amiguismo.
O Estado devia elaborar estratégias diplomáticas baseadas na cooperação ao desenvolvimento e nos direitos humanos, estratégias que priorizassem os interesses nacionais e promovessem os jovens competentes na Administração central do MIREX e na direcção das nossas Embaixadas e Consulados, nisso o Presidente da República falhou completamente e continua falhando, porque insiste em colocar políticos em fins de carreira, generais e militares nos cargos de Embaixadores e de cônsules gerais, em vez de nomear jovens dinâmicos e qualificados para impulsionarem positivamente a nossa diplomacia.
Se o MIREX não tiver um comando jovem, forte e competente, então teremos de esquecer a política externa angolana, porque desse jeito não deixará de ser um fracasso.
O MIREX está se afundando dia a pós dia, a impreparação dos nossos diplomatas é evidente, esses tais não fazem diplomacia a favor dos interesses do País, mas sim dos interesses pessoais. “Alguém precisa salvar o MIREX, alguém que seja altamente tecnocrata e conhecedor de estratégias diplomáticas, alguém que se doa completamente por Angola e pelos angolanos, alguém capaz de fazer reformas e grandes mudanças dentro do MIREX, alguém rigoroso e sem medo de colocar as coisas no seu devido lugar (ordem e trabalho sério), é disso que o MIREX precisa, de alguém que tome decisões difíceis de modo a colocar as coisas na direcção certa em prol da nossa diplomacia”.
Diplomacia é sinônimo de poder, mas isso requer conhecimento, requer estratégias concretas, requer eficiência nos projectos e nos programas político-diplomáticas!
Eu e a Diplomacia a Diplomacia e Eu
Por: Leonardo Quarenta – O Diplomata
Ph.D em Direito Constitucional e Internacional