Há uma semana, aqui mesmo neste espaço, a um mais do que provável lapso do Presidente da República a sobrevivência do general Sequeira Lourenço na cúpula da Casa de Segurança. Fazer o que ele diz e não o que faz.
Transcorridos oito dias, já se pode admitir que a exoneração do chefe adjunto da Casa de Segurança nunca esteve nas cogitações do Presidente da República.
Em tese, a exoneração, a seu pedido, do general Pedro Sebastião, no dia 28 de Maio, deveria encerrar a depuração que o Presidente João Lourenço iniciou na sua Casa de Segurança no pretérito dia 24.
“Agora que se quer chegar ao polvo e não apenas a um dos seus tentáculos, que é o Pedro Lussati, tanto o general Kopelipa (na foto, uma gentileza do Quintiliano dos Santos/NJ) quanto o seu adjunto não são tidos e nem achados. Dir-se-ia que ambos conseguiram o milagre de passar por entre os pingos da chuva sem se molharem”
Essa depuração, contudo, fica manchada porque atravessada por acto puro de nepotismo. A permanência do general Sequeira Lourenço, irmão mais novo do Presidente da República, entre os sobreviventes configura, mesmo, nepotismo.
Embora tenha inscrito o combate ao nepotismo entre as prioridades no seu mandato, João Lourenço não tem mostrado coragem de cortar na própria carne.
Em Agosto do ano passado enterrou a cabeça na areia quando a nomeação da sua filha, Cristina, ao cargo de administradora executiva da BODIVA, foi associada a nepotismo. Serviu-lhe de atenuante o facto de a decisão haver sido tomada pela ministra das Finanças, Vera Daves.
“Com o general-irmão a situação é totalmente diferente. É improvável que Sequeira Lourenço, chefe adjunto da Casa de Segurança, estivesse totalmente alheio aos factos nos quais o Presidente da República se apoiou para exonerar os outros generais”.
Além disso, o general-irmão, foi o principal coadjutor do general Kopelipa na Casa de Segurança ao tempo em que se diz que houve a maior farra de dinheiro.
De acordo com o que foi dito no “banquete” do SINSE/SIC, ao tempo da dupla Kopelipa/Sequeira Lourenço, a Casa de Segurança foi um verdadeiro salão de farra.
Estranhamente, agora que se quer chegar ao polvo e não apenas a um dos seus tentáculos, que é o Pedro Lussati, tanto o general Kopelipa quanto o seu adjunto não são tidos e nem achados. Dir-se-ia que ambos conseguiram o milagre de passar por entre os pingos da chuva sem se molharem.
Para preservar a imagem de homem de palavra, o Presidente João Lourenço deveria dar uma explicação para o facto de não ter tocado no seu irmão. Não o tendo feito, ele dá a todos os cidadãos o direito de suspeitar que o Presidente da República subscreve a máxima segundo a qual “faz o que digo, mas não faças o que eu faço”.
Ou seja, combater o nepotismo sim, mas não quando estão em jogo nossos interesses familiares.