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João Lourenço reitera direito à manifestação mas condena participação da UNITA

O Presidente angolano reiterou hoje o direito à manifestação, mas considerou que a UNITA, maior partido da oposição angolana, deve assumir “todas as consequências dos seus atos de irresponsabilidade” no possível aumento de casos de covid-19.

João Lourenço, que discursava na qualidade de líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, na abertura da IV sessão ordinária do Comité Central, comentou acontecimentos da manifestação realizada sábado em Luanda, organizada por jovens da sociedade civil, com a participação de dirigentes e militantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

Segundo o líder do MPLA, os cidadãos angolanos têm o direito de reunião e de manifestação, contudo, nesta altura de pandemia, “o seu pleno usufruto fica temporariamente condicionado”, através do Decreto Presidencial do estado de calamidade pública, para evitar a “grave ameaça” de propagação e contaminação de covid-19.

“Reiteramos o direito à manifestação, algo que é uma realidade no nosso país, onde já tiveram lugar manifestações pacíficas, de protesto ou de reivindicação de direitos, mas não posso deixar aqui de manifestar a nossa indignação com os mais recentes e tristes acontecimentos em Luanda”, referiu João Lourenço.

A tentativa de manifestação foi abortada pela polícia, que entrou em confronto com os organizadores do protesto, que reagiram com o arremesso de pedras, colocaram nas estradas contentores e pneus a arder, e que provocaram a destruição de meios da polícia.

Para o chefe de Estado angolano, o envolvimento direto da UNITA e os seus deputados à Assembleia Nacional, devidamente identificados, “é reprovável e deve merecer o mais veemente repúdio da sociedade angolana, que não pode permitir que partidos políticos, com assento parlamentar, incitem os jovens e a população para a desobediência civil”.

“A UNITA deve assumir todas as consequências dos seus atos de irresponsabilidade, que podem contribuir para o aumento acentuado de novos casos de contaminação por covid-19”, disse.

Esse comportamento da UNITA, prosseguiu João Lourenço, pode comprometer e deitar por terra todo o esfoço que a nação vem fazendo, desde março do corrente ano, no combate à pandemia.

“Todo o investimento feito em hospitais de campanha, camas e ventiladores e materiais de biossegurança, laboratórios de biologia molecular, todo o sacrifício consentido todos os dias pelos profissionais de saúde, que arriscam as suas próprias vidas para salvarem outras vidas”, referiu.

O comportamento da UNITA, pode levar o país a ter de entrar novamente em estado de emergência, sublinhou, acrescentando: “[Algo] que todos gostaríamos de evitar, pelas consequências graves na vida familiar, social e profissional das pessoas e na economia do país”.

O chefe de Estado angolano advertiu que “a estratégia de tornar o país ingovernável, para forçar negociações bilaterais, no atual contexto político, em que as instituições democraticamente instituídas funcionam em pleno, não é concretizável”.

“Perante a probabilidade de réplica do que se passou em Luanda pelo país fora, as autoridades competentes vão continuar atentas e cumprir com o seu papel de manutenção da ordem pública e fazer cumprir as medidas tomadas no quadro de calamidade pública”, disse.

Na sequência dos acontecimentos de sábado, um grupo de 103 manifestantes foi detido e decorre desde segunda-feira o seu julgamento, no Tribunal Provincial de Luanda, onde foram registados novos atos, considerados pelas autoridades, de arruaça, que causaram danos a privados e património público.

Os manifestantes denunciaram ainda que duas pessoas morreram baleadas, uma informação que as autoridades angolanas não confirmam.

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