Boa parte de analistas políticos e não só, considera uma falta de sentido de patriotismo o facto de, entre outros, o político e antigo membro de direcção da UNITA, Fernando Heitor, ter regressado ao partido com outras declarações.
De acordo com inúmeras reacções (negativas) nas redes sociais é que os argumentos apresentados esta quarta-feira, em entrevista à TV Raiar, por este quadro são de tudo insuficientes para justificar o seu regresso, numa altura em que, aquando da sua saída, disse claramente que a UNITA é um partido desajustado.
Em declarações, Fernando Heitor disse que nunca sai da UNITA, acrescentando que as pessoas o interpretaram mal, porquanto continua a fazer parte da família política da UNITA e que sempre teve boas relações com o líder partidário, Adalberto Costa Júnior.
“Eu demiti-me dos cargos que ocupava na direcção da UNITA. Eu escrevi que não queria mais e fui ouvido pela Direcção do partido, fi-lo porque qui-lo. Eu achei que num determinado momento da minha vida tinha que dizer basta de militância activa”, revelou.
Disse ainda este político que, o partido tem outros níveis de militância no seu seio, “não sou militante activo”, pelo que avança que não saiu do maior partido da oposição angolana, UNITA, porque não foi a partido nenhum, embora tivesse sido assediado.
“Continuo angolano, e membro, ouçam bem, membro da família política da UNITA e apartidário. Muitos interpretaram mal. Eu não sou militante activo, mas posso dar contribuições aos militantes activos. Já o fiz muitas vezes”, considerou.
Revelou igualmente que foi o actual presidente da República, João Lourenço que o convidou a ocupar cargo do Governo, quando questionado sobre o que o levou àquela pasta.
“Foi João Lourenço que me convidou. Eu não me ofereci ao MPLA, por amor de Deus, não tive cargos políticos, vocês mesmo sabem que para assumir um cargo de relevância no executivo tem que ser militante do MPLA e eu não aceitei ser militante do MPLA, foi o presidente João Lourenço que ligou para mim e me propôs a ocupar o cargo executivo do BPC e aceitei”, conforme Fernando Heitor.
Fernando Heitor afirmou ter rejeitado o convite para ser militante do MPLA, embora que não tinha obrigação partidária com a UNITA “fui convidado pelo MPLA, óbvio que não aceitei” mas sublinhou que fez uma leitura positiva do programa, por ter achado atraente e exequível.
“Mas quem não achou aquele programa do João Lourenço atraente? Até o mais radical que é o Makuta Nkondo fez elogios ao primeiro ano de governação do João Lourenco, mas a partir do segundo ano, tudo mudou. Depois de algum tempo, vendo a realidade, me sinto frustrado”, disse.
Heitor, fez ainda duras críticas ao goveno de João Lourenço, e disse que ficou frustrado aquando da sua exoneração do cargo de director executivo do BPC, salientando que o BPC ficou pior depois da sua saída e que João Lourenço não pode estar a exonerar as pessoas dessa forma, sem avisar.
Fernando Heitor, sobre o actual precesso de combate à corrupção, especificamente a “Operação Caranguejo”, disse que Pedro Lussaty não imprimiu aquele dinheiro mas sim saiu dos bancos, fruto da corrupção, numa altura em que os gatunos de galinhas andam aí bem presos, mas os gatunos que roubaram milhões ficam um tempinho na cadeia e depois saem logo.
Para este, tudo piorou depois da saída de José Eduardo dos Santos, do poder afirmando que em todas as estatísticas mundiais, como as de desemprego, de crescimento econômico, de corrupção, de empregabilidade, entre outros pontos, Angola está pior. “João Lourenço é pior que José Eduardo dos Santos”.