O administrador não executivo do Grupo Africell, embaixador J. Peter Pham, considerou que um setor de telecomunicações desenvolvido “é indispensável” para a diversificação da economia angolana.
“Eu penso que o aumento da velocidade, o aumento da acessibilidade, a melhoria das comunicações são necessários para qualquer país, onde quer que se encontre, no seu caminho de desenvolvimento, mas certamente para os países que procuram a diversificação é uma condição indispensável”, disse o académico e diplomata norte-americano, em entrevista à agência Lusa, após uma visita a Angola.
Infraestruturas e serviços de telecomunicações são “essenciais”, continuou, para “atrair o investimento, especialmente à medida que o mundo se torna cada vez mais baseado no conhecimento, quando as pessoas trabalham mais virtualmente”.
Mesmo “economias tradicionais baseadas nas [indústrias] extrativas e outras, é preciso acesso para a sua gestão, nada é puramente mecânico”, disse, exemplificando com os leilões de diamantes que se realizaram em Luanda, mas atraíram interesse mundial.
A Africell foi a vencedora do concurso público internacional para a quarta licença universal de comunicações móveis em Angola, lançado pelo Governo angolano, com o objetivo de reformar o setor e de contribuir para o maior desenvolvimento da sua economia.
O grupo, de capital norte-americano, mas gerido a partir de Londres, prometeu investir “várias centenas de milhões de dólares” em infraestruturas e serviços e começar a operar ainda em 2021, estimando que nos próximos cinco anos sejam criados 6.500 postos de trabalho.
A Africell quer criar em Angola uma rede móvel de alta velocidade e centrada em dados e telemóveis ‘smartphone’ sofisticados a preços acessíveis, à semelhança do que faz no Uganda, Serra Leoa, Gâmbia e República Democrática do Congo, onde tem uma base estimada de 12 milhões de clientes.
Pham, ex-enviado especial dos Estados Unidos para a região do Sahel e atual membro do Conselho do Atlântico, entrou para a administração no início do mês e duas semanas depois juntou-se numa viagem aos diferentes mercados onde o grupo opera, incluindo Luanda.
Em Angola, disse à Lusa, encontrou um novo dinamismo criado pela presidência de João Lourenço e a campanha contra a corrupção a qual “deu confiança, que levou não só a Africell, mas outras empresas a investir na economia angolana, algo que não se via há muito tempo fora da indústria do petróleo”.