Os angolanos e angolanas residentes na diáspora receberam de bom grado a noticia do presidente da Republica sobre a inclusão como ponto importante da revisão da constituição a reposição do dever democrático dos cidadãos e cidadãs angolanos e angolanas residentes na diáspora do direito de eleger e ser eleitos.
A reposição deste direito a esta parte da sociedade angolana, vinha trazer algo de credibilidade sobre aquele já quase esquecido slogan “ Corrigir o que esta mal e melhorar o que esta bem” que o partido no poder levou como bandeira durante a sua passada campanha eleitoral. Pensávamos que realmente o nosso executivo corrigiria na integra esta violação recalcitrante da nossa constituição em relação a negação do direito inalienável de cada pessoa, de cada individuo como parte integrante de um pais, de eleger e ser eleito. Para o nosso executivo os angolanos e angolanas na diáspora votarão, mas só o farão se for a sua maneira, ser for baixo o seu atroz escrutínio, controle, manipulação e falta de transparência. Parece que é verdade aquilo que algumas más línguas dizem; “ o MPLA só leva a bom porto aquilo que pode controlar” . Neste caso vemos que sim, parece que quando o rio soa, água corre por ele.
Suas excelências, a diáspora angolana unicamente pede o mesmo que as 18 províncias do país têm, um circulo próprio. Ninguém conhece melhor os meus problemas que eu mesma. Não é de recibo que responda por mim alguém que nem sequer sabe que existo. Por isso, a diáspora anseia ter um circulo independente que tenha senão 8, pelo menos 5 deputados ou deputadas de acordo ao numero de cidadãos residentes em cada território e que estes deputados ou deputadas, sejam eleitos pelos cidadãos da diáspora cumprindo com os cauces legais de um processo eleitoral e que demonstrem conhecer bem, todas aquelas situações que atravessam os cidadãos angolanos e angolanas enquanto residentes no estrangeiro. Entendem-se que não é nada de outra galáxia. O jogo da democracia funciona assim e aqueles que não o respeitam e entendem, convidasse-lhes ou a aprender ou então a deixar lugar para os que o saibam e o cumpram.
É bem verdade que a relação do nosso executivo com os seus cidadãos da diáspora é distante, discriminatória e fria. Se invisibiliza toda a contribuição não só econômica que é incalculável, mas também a cultural, cientifica e social que a diáspora aporta ao país. Existem muitos angolanos e angolanas que diariamente no anonimato representam o pais em muitos âmbitos, dão a conhecer com orgulho os seus usos e costumes, incentivam o investimento no pais e muitos deles também investem na sua terra, levam o conhecimento da nossa musica, a nossa gastronomia…colocam-nos no mapa. Algures ouvi, que dos estrangeiros residentes em muitos países, o angolano é dos poucos que nutre tanto amor a sua pátria que por mais anos que resida fora de angola, sempre volta. Agora entendo o que dizia o Dr. Antônio Agostinho Neto “ Havemos de voltar…” sempre voltamos a casa, com as mãos cheias ou vazias, com o coração rasgado ou desiludido, mas voltamos. Voltamos como o filho pródigo também o fez.
Com a única diferença que não temos aquele pai, que nos recebe com os braços abertos e prepara uma grande festa pela alegria que sente pelo filho que regressa, o nosso caso infelizmente não é este, porque não se nutre por nós tamanho amor, senão desconfiança, esquecimento e abandono. Tanto é, que votaram lá, na Assembleia Nacional a favor do voto da diáspora sem a opinião da mesma, decidiram por nós, sem nós. Enviamos cartas dando a nossa opinião, dizendo o que necessitaríamos e não tiveram a amabilidade de responder-nos. Esqueceram que quem manda no país é o povo soberano, o povo é o único chefe, é o único que tem o poder e deve ter a ousadia de ser arrogante e não vocês senhores e senhoras governantes. Entenderão isto nas próximas eleições que tenho certeza que não permitiremos que sejam fraudulentas e muito menos com o voto da diáspora.
Hilária Vianeke