O governo britânico anunciou a imposição de sanções a Teodoro Obiang Mangue, filho do Presidente da Guiné Equatorial pelo envolvimento na apropriação indevida de fundos do Estado. E o país reagiu.
A Guiné Equatorial vai encerrar a sua embaixada em Londres após as sanções impostas pelo Reino Unido por corrupção contra o vice-Presidente daquele país, anunciou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros na televisão estatal.
“A primeira decisão que o governo adotou foi a de proceder ao encerramento total da nossa missão diplomática em Londres”, disse Simeon Oyono Esono, na TVGE, estatal. O governo britânico anunciou na sexta-feira a imposição de sanções a Teodoro Obiang Mangue, que é também filho do Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, pelo envolvimento na apropriação indevida de fundos do Estado e desvio para contas bancárias pessoais, realização de contratos corruptos e solicitação de subornos.
Segundo o governo britânico, o estilo de vida luxuoso de “Teodorin”, como é conhecido, é “inconsistente com o seu salário oficial como ministro do Governo”. Além de uma mansão de 100 milhões de dólares (85 milhões de euros no câmbio atual) em Paris, terá também adquirido dezenas de automóveis de luxo, incluindo Ferraris, Bentleys e Aston Martins e uma coleção de objetos que pertenciam ao cantor Michael Jackson, com destaque para uma luva revestida de cristais usada na digressão do álbum “Bad”, avaliada em 275.000 dólares.
Teodoro Obiang Mangue foi condenado em fevereiro de 2020, em segunda instância, a três anos de prisão suspensa e ao pagamento de uma multa efetiva de 30 milhões de euros ao Estado francês por ter adquirido indevidamente património considerável em França com dinheiro desviado dos cofres da Guiné Equatorial.
Segundo a justiça francesa, os juízes estimam um branqueamento de capitais na ordem dos 160 milhões de euros. No sábado, as autoridades de Malabo reagiram à decisão de Londres com “comunicado de repulsa”, publicado na rede social Facebook, com o Ministério dos Assuntos Exteriores e da Cooperação a rejeitar as sanções financeiras “unilaterais e ilegais” impostas a Teodorin.
No documento, o ministério manifesta “enérgica repulsa” do governo às sanções “juridicamente infundadas”, e exige que sejam levantadas com “a maior brevidade possível”, entendendo as sanções — que incluem a proibição de viajar ao país e o congelamento de ativos – como um “gesto inamistoso” por parte do governo britânico. Segundo o governo, Teodoro Mangue “nunca realizou qualquer investimento no Reino Unido”, assim como “nunca teve nenhum processo judicial no Reino Unido ou Guiné Equatorial por nenhum motivo, muito menos por má utilização de fundos públicos”.
“As sanções sem fundamento impostas pelo governo britânico têm a sua justificação em manipulações, mentiras e iniciativas malévolas que promovem certas organizações não governamentais contra a boa imagem da Guiné Equatorial e dos seus representantes legítimos, nas quais, infelizmente, se basearam alguns Estados para levar a cabo processos judiciais” contra o Vice-presidente da República, refere.
Também no sábado, a organização de defesa dos direitos humanos e anticorrupção EQ Justice saudou a decisão, com o diretor executivo, Tutu Alicante, a considerar que “é bem-vinda para o povo da Guiné Equatorial”.
“É um passo na direção certa, que nos lembra que a corrupção não é um crime sem vítimas e que os dias dos cleptocratas que usavam o Ocidente como cofre para os seus bens saqueados estão rapidamente a chegar ao fim”, frisou Alicante. “A flagrante corrupção na Guiné Equatorial, particularmente nas mãos de Teodoro Nguema Obiang, conhecido como Teodorín, privou a maioria dos equato-guineenses de recursos vitais para atender às suas necessidades mais básicas”, acrescenta-se no texto.