Portugal: Frente Patriótica defende “Programa de Emergência Nacional” para Angola

“Angola está doente e sem rumo”, afirma a oposição angolana, unida na Frente Patriótica. UNITA, Bloco Democrático e PRA-JA dizem-se preocupados com incapacidade de João Lourenço de tirar o país da crise económico-social.

Os líderes da UNITA, Adalberto Costa Júnior, do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes e do PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, os três partidos da oposição angolana que congregam a Frente Patriótica Unida, plataforma da oposição angolana para alternância no poderconsideraram esta quinta-feira (05.08),  em declaração conjunta, que a fome, a saúde, a educação, o desemprego, a habitação e a criminalidade tornaram-se problemas de segurança nacional e precisam de um melhor tratamento.

No documento lido pelo deputado pela UNITA, Franco Marcolino Nhani, numa conferência de imprensa em Luanda, a Frente Patriótica Unida diz estar preocupada com a “incapacidade” do Governo de João Lourenço de reverter o atual quadro de “penúria generalizada” que a maioria das famílias angolanas enfrenta.

“O país está falido, doente e sem rumo”, defende a Frente. O grupo considera, por outro lado, que a juventude é “o futuro da Nação” e lamenta que esteja a sentir-se “traída e impotente”, porque “os governantes; ao invés de governarem para o povo, roubaram o país e roubaram também o futuro da juventude”.

A Frente Patriótica Unida mostra-se ainda agastada com os preços dos alimentos que sobem diariamente.

“Estamos todos esgotados”

Na conferência de imprensa, o economista Filomeno Vieira Lopes, recém eleito presidente do Bloco Democrático, afirmou que tal como o poder político, que está com a imagem desgastada, a oposição e a sociedade civil também estão esgotadas e têm de mudar o modo de atuação.

“Estamos hoje na oposição, temos que passar para o poder. Mas não é só o poder que está esgotado. Não é apenas a oposição é que está esgotada. A sociedade civil está esgotada. A juventude já ultrapassou os limites. Estamos todos esgotados”, frisou.

“Se apreciarmos bem os grandes fóruns da sociedade civil que vêm propondo recomendações ao nosso Governo, as próprias igrejas, as epístolas dos bispos e doutros grupos de igrejas que emitem soluções para a reconciliação nacional pela paz, pelo desenvolvimento deste país. Emitem opiniões. Todas elas batem na barra. Há aqui um muro neste país”, disse ainda Filomeno Vieira Lopes.

Frente Patriótica comprometida com eleições

Na terceira declaração Política da Frente Patriótica Unida, as três forças partidárias reiteram que Angola precisa de uma nova liderança.

Abel Chivukuvuku, o líder PRA-JA Servir Angola, garantiu que a Frente Patriótica é uma realidade e disse estar comprometido com a sua participação nas eleições gerais de 2022.

“Quero reafirmar em meu nome pessoal, Abel Epalanga Chivukuvuku, e de todos aqueles que são protagonistas do projeto político PRA-JA Servir Angola, a nossa determinação inquebrantável, de fazermos parte íntegra e leal deste projeto Frente Patriótica Unida”, sublinhou.

Chivukuvuku exortou os ideólogos da Frente Patriótica Unida a trabalharem com flexibilidade e rigor para que, nos próximos dias, se anuncie o surgimento da plataforma que quer colocar o MPLA na oposição.

“O país conta connosco. Sentimos o pulsar dos corações e dos ânimos quando lançámos a ideia da Frente Patriótica. Tenho noção de que o tempo que vai passando vai criando incerteza e dúvidas. Temos a obrigação de corresponder a esta ansiedade e esta vontade do país. É o nosso desafio. É o desafio do nosso tempo. Estou pronto e acredito que todos que estão aqui nesta mesa estão prontos”, assegurou.

Os três líderes partidários garantiram que o anúncio público da liderança da plataforma Política Frente Patriótica vai ser conhecida entre final de agosto e princípio de setembro.

Perseguição política

Já o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, aproveitou para falar da perseguição política aos líderes da oposição. O presidente da UNITA apontou o dedo à Televisão Pública de Angola (TPA) que, a seu ver, tem atentado contra os direitos individuais.

O líder do maior partido da posição defendeu também o levantamento da cerca sanitária de Luanda – que já dura há mais de um ano devido à pandemia da Covid-19 -, e sugere que Angola adote o passaporte digital para facilitar a mobilidade dos cidadãos e dos operadores económicos.

“É fundamental que esta cerca caia definitivamente e de imediato. É fundamental que Angola abrace o passaporte digital. Passaporte digital que a maior parte dos países do mundo começa a abraçar como uma ajuda para a dinamização das liberdades, da circulação e da economia”, sublinhou.

 

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