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Angola: Cabinda critica cancelamento da “visita” do Presidente João Lourenço

População de Cabinda queria mostrar “cartão vermelho” ao Presidente de Angola por incumprimento de promessas, mas João Lourenço adiou “sine die” a visita à província que estava prevista para o fim de semana.

O Presidente de Angola adiou a sua deslocação, inicialmente prevista para este fim de semana, à província mais ao norte do país. A nova data para aquela que seria a sua segunda visita à Cabinda, desde 2017, ainda não foi marcada.

Várias pessoas e organizações independentes preparavam-se para receber o Chefe de Estado angolano,esta sexta-feira (13.08), ao som de protestos e reivindicações, alegando que João Lourenço não cumpriu várias promessas, nomeadamente a construção do aeroporto internacional em Cabinda, porto de águas profundas, a refinaria de petróleos e outros.

Nas redes sociais, nos últimos dias, multiplicavam-se as publicações com imagens de João Lourenço e um cartão vermelho, como forma de protesto.

Os planos, no entanto, caíram por terra. Através de uma nota do gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa, a Presidência da República informou na quarta-feira (11.08) que o Presidente adiou “sine die” a viagem de trabalho a Cabinda, sem adiantar os motivos do súbito cancelamento.

“Já desconfiava do cancelamento da visita, na medida em que há muita demagogia por parte do mesmo Governo liderado por João Lourenço, em que várias promessas apresentadas não foram cumpridas, vários projetos [estão] inacabados, o próprio despreparo do Presidente e a incapacidade na resolução dos problemas de Cabinda”, disse à DW o ativista Maurício Ngimbi, presidente da União dos Cabinda Independentistas (UCI).

JLO com medo dos ativistas?

O ativista nota que desde que surgiram alguns movimentos independentistas em Cabinda, o Presidente angolano deixou de visitar a província porque “não está preparado para o diálogo”.

O súbito adiamento da deslocação do chefe de Estado a Cabinda é questionado também por políticos. Nas redes sociais, o deputado Raúl Tati, da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, afirma que nunca se viu tamanha onda de rejeição contra o Governo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) nestas paragens, acusando João Lourenço de nada fazer para a resolução dos problemas da população do enclave.

José Bula, um dos munícipes, mostra-se desapontado com os políticos locais, que diz que só mostram preocupação com a imagem de Cabinda quando há visitas executivas na agenda.

“Basta ver a iluminação pública, agora taparam alguns buracos na estrada. Dessa maneira, quando é que Cabinda vai mudar?”, questiona.

Já o ativista Barroso Gomes, um defensor das causas da juventude de Cabinda, considera que a Presidência temia que os movimentos armados independentes levassem a cabo ações durante a estadia de João Lourenço no enclave.

“A primeira hipótese é o acontecimento que se noticiou por alguns media, em que supostamente nas matas de Maiombe foram ceifadas vidas de soldados angolanos, pela Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), sendo que o Governo angolano sempre defendeu que não existe conflito em Cabinda. Por outro, é fruto das insatisfações apresentadas por parte da população, o que levou a comitiva a mudar de planos”, considera Gomes.

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