Apesar de estar envolvida em escândalos de corrupção, que também incluem Angola, a construtora Odebrecht ganhou o concurso público para uma importante obra em Angola. No país fala-se em falta de transparência.
Será que em Angola a “Odebrecht marcou um passo mais à frente em relação as outras empresas? Esta é uma das várias questões que têm sido feitas em Angola, desde que a Odebrecht ganhou o concurso público para construir o Terminal Oceânico da Barra do Dande, na semana passada”.
A obra estava, inicialmente adjudicada a uma empresa ligada a Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos. Agora, cabe à construtora brasileira executar esse importante projeto para a economia angolana.
O ativista angolano Inocêncio de Brito questiona a transparência do concurso: “As pessoas ficam sem saber como é que determinada empresa ganha um determinado concurso, a ser cedida ou então por adjudicação direta determinada obra.”
E o ativista entende que como consequências “pode gerar um indício de corrupção, como já se tem vinculado determinadas informações que deviam ser, de facto, investigadas pela PGR.”
Imagem beliscada
A construtora brasileira já operou em vários continentes, sobretudo, em África e América do Sul. Mas, nos últimos tempos, a empresa não tem tido a mesma aceitação por parte dos estados.
Alguns dos motivos são explicados por Nkikinamo Tussamba, especialista em relações internacionais: “Nós estamos a falar de uma imagem beliscada. A Odebrecht tinha uma grande aceitação até que o processo da Lava Jato acabou trazendo a Odebrecht consigo. Logo, essa imagem fica beliscada por este elemento. Porque está arrolada em vários processos a nível do Brasil.”
Tussamba lembra que em Moçambique, por exemplo, alguns setores já desconfiavam da Odebrecht antes mesmo do seu envolvimento em esquemas de corrupção revelados na operação Lava Jato.
“As obras da Odebrecht não apresentavam grandes qualidades, mas era a única empresa que ganhava os concursos públicos”, diz.
O silêncio do Governo
Em 2017, Hilberto Mascarenhas Alves, antigo responsável do departamento de comissões da Odebrecht, admitiu o pagamento de 20 milhões de dólares a um ministro angolano. O caso nunca foi esclarecido.
Ainda assim, a empresa parece ter voltado a conquistar a confiança do Governo de Luanda.
É que, desde a governação do Presidente João Lourenço, pouco ou quase nada se fala da gigante brasileira.
Nkikinamo Tussamba questiona: “As empresas que concorreram com a Odebrecht não apresentam a garantia que o Estado angolano esperava, por exemplo, que essas empresas apresentassem? Ou então a Odebrecht marcou um passo mais à frente em relação as outras empresas? Ou a Odebrecht continua com as suas práticas e lembrou-se que, afinal de contas existem outras técnicas para que se vença um concurso?”
Por enquanto as respostas não existem.