Carlito Roberto, filho do fundador da FNLA, Holden Roberto, manifestou, terça-feira, em Luanda, a intenção de se candidatar ao cargo de presidente daquela formação política.
Ao falar, em conferência de imprensa, Carlito Roberto disse que pretende ser líder da FNLA para recuperar a mística do partido e o nome do fundador. Num passado recente, disse, o antigo presidente da FNLA, Ngola Kabangu, propôs-me ser candidato a presidente do partido, mas rejeitei.
“Naquela altura não estava preparado agora estou amadurecido e, quando a comissão que se encarregará de receber as candidaturas for constituída, vou entregar a minha candidatura”, disse, sublinhando: “Vou candidatar-me para recuperar o nome de Holden Roberto e ter um papel importante na reconciliação da FNLA”, salientou.
Carlito Roberto, que ja foi deputado durante a legislatura 2008-2012, referiu que o que esteve, sempre, na base do desentendimento entre os dirigentes da FNLA foram o egocentrismo e a falta de humildade. “Eles olhavam apenas para os interesses pessoais em detrimento dos do partido”, disse, alertando que hoje é preciso velar pelos interesses do partido, sob pena de um dia desaparecer.
Carlito Roberto apelou aos militantes da FNLA a ultrapassarem todos os problemas que estão na base do conflito e olharem para os desafios do partido. “Internamente estamos a fazer um esforço no sentido de reunificar o partido”, disse, acrescentando que, para se acabar com a crise interna, o actual presidente, Lucas Ngonda, deve pôr fim às estruturas paralelas à direcção legítima.
No âmbito do pacto de reunificação e reconciliação na FNLA, Lucas Ngonda, 80 anos, manifestou a intenção de não se recandidatar à liderança do partido e anunciou a realização do próximo congresso para Agosto do próximo ano.
Além de Carlito Roberto, já manifestaram a intenção de sucederem a Lucas Ngonda, Fernando Pedro Gomes – eleito presidente num congresso, em 2018, entretanto impugnado pelo Tribunal Constitucional, por irregularidades – e Tristão Ernesto. Ambos são membros do Bureau Político da FNLA.
A FNLA, um dos três movimentos de libertação, a par do MPLA e da UNITA, vive, há cerca de duas décadas, uma crise de liderança, que se agudizou em 2007, com a morte de Holden Roberto. Lucas Ngonda, então secretário para a Informação, e Ngola Kabangu, vice-presidente – e depois presidente -, digladiaram-se pela liderança da FNLA. Kabangu chegou a liderar o partido até 2010, altura em que Ngonda realiza um congresso que o legitimou na liderança.
Apesar disso, o partido continou dividido, com uma ala liderada por Kabangu e outra, a legítima, presidida por Ngonda. Além destas, há outras sensibilidades (alas), como a de Carlito Roberto e o Grupo dos Seis (G6).
Texto do JA