Agência de notação financeira Standard & Poor’s considera que Angola deverá manter-se novamente em recessão este ano, regressando ao crescimento apenas em 2022.
“A perspetiva económica para os próximos 12 meses é ensombrada pelo declínio na produção de petróleo, bem como pela lentidão no processo de vacinação contra a Covid-19, com menos de 3% da população com pelo menos uma dose de qualquer vacina”, dizem os analistas da S&P na nota que acompanha a decisão de manter o rating em CCC+, no princípio deste mês.
Na análise, a S&P diz esperar “uma ligeira contração de 0,2% do PIB este ano, no seguimento de uma queda de 5,1%” no ano passado, que foi o quinto ano consecutivo de crescimento negativo, e espera que em 2022 Angola regresse ao crescimento, registando uma expansão económica de 2%, que sobe para 2,5% e 2,8% nos dois anos seguintes.
Para a S&P, o crescimento económico positivo será, no entanto, insuficiente para chegar a todos os cidadãos, já que o crescimento da população será maior que o da economia.
“Em parte devido aos efeitos da taxa de câmbio e ao crescimento rápido da população, estimamos que o PIB per capita declinou de 2.600 em 2019 para cerca de 1.800 dólares em 2020, e ficará abaixo dos níveis de 2019 nos próximos quatro anos”, escrevem os analistas.
Petróleo
Relativamente ao petróleo, a S&P antevê uma média de 1,19 milhões de barris por dia entre 2021 e 2024, o que compara com os 1,28 milhões em 2020 e os 1,42 milhões de 2019, o que é “mais baixo que a quota de produção de 1,27 milhões de barris diários para Angola em 2021 porque as atividades suspensas de perfuração e a redução da manutenção e dos investimentos pelas companhias petrolíferas em 2020 reduziu a produção de campos velhos e tecnicamente complexos”.
No capítulo da dívida pública, um dos principais indicadores consultados pelos investidores internacionais como barómetro da capacidade de o país honrar os compromissos financeiros, a S&P diz que Angola vai manter o rácio da dívida sobre o PIB acima dos 100% este ano, registando 106% este ano, 100% em 2022 e 99,2% em 2023.
“Prevemos que a dívida pública vá gradualmente diminuir para 90% do PIB em 2024”, lê-se na nota, que dá conta que “apesar do impacto da queda do petróleo nas finanças públicas, o Governo conseguiu controlar o défice orçamental de 1,9% no ano passado com a implementação de medidas fiscais”.
Para este ano, a subida do preço do petróleo e o efeito das medidas fiscais deverá garantir um excedente orçamental de 2,1%, que deverão ser de, em média, 0,3% do PIB entre 2022 e 2024, com o pagamento dos juros da dívida a representar em média um terço da receita fiscal nestes anos.