O vice-presidente de Angola Bornito de Sousa iniciou uma acção num tribunal em Portugal contra o jornalista britânico Oliver Bullough por alegada difamação, na qual exige uma indemnização de 500 mil euros. Em causa a controvérsia sobre o vestido de noiva que vice-presidente diz ser “fake news”.
No seu portal na internet, Bullough, que escreve regularmente para vários meios de comunicação britânicos, inluindo o Guardian, BBC e GQ, confirmou a notícia dada pela PressGazette uma publicação na internet dedicada ao jornalismo.
“Recebi alguns documentos jurídicos de advogados a actuarem por Bornito de Sousa Baltazar Diogo, vice-presidente de Angola, afirmando que tencionam levar-me a tribunal em Portugal por difamação”, escreveu o jornalista.
“Como tal ultimamente muito do meu tempo tem sido gasto a tentar compreender a que exactamente ele tem objecções, o que signfica que não tenho lido tantos livros como gostaria”, acrescentou Bullough, quem disse estar agora a tentar encontrar um advogado que o represente em Portugal.
Segundo o portal PressGazette, a acção está relacionada com o livro “Moneyland: Why Thieves and Crooks Now Rule de World” publicado em 2018 e que examina o que descreve como “o mundo secreto dos cleptocratas globais”.
No livro, o jornalista dedicou oito páginas à alegada participação da filha de Bornito de Sousa, Naulila, num “reality show” intitulado “Say Yes to the Dress” em 2015 em que alegadamente gastou 200 mil dólares num vestido de noiva, o maior gasto por qualquer noiva na história da boutique de Nova Iorque que promove o programa, diz a PressGazette
O advogado britânico do jornalista disse que “o caso não tem mérito”.
Antes, o vice-presidente e a filha tinham intentado uma acção em Portugal contra o activista anti-corrupção da Frente Cívica, Paulo Morais, em que os advogados disseram que a informação sobre a aquisição de um vestido de noiva por 200 mil dólares trata-se de “uma afirmação falsa (um caso de notícia criada: fake news) que em tempo devido (2015) foi objecto de contestação”.
A PressGazette faz notar que, como a Grã-Bretanha deixou a União Europeia, qualquer caso em Portugal, mesmo que favorecendo o vice-presidente angolano, será “dificil de aplicar” a um cidadão britânico.