Os últimos 12 meses o País tem vivido um clima turbulento, motivado por uma crise social, fruto da subida dos preços da cesta básica, desemprego, agravado pelas consequências da pandemia da Covid-19, sem descurar a “desaceleração” do combate à corrupção.
Como era de se esperar, os actores políticos, com particular realce para Marimbondos, têm tirado proveito da situação incitando alguns membros da sociedade civil (com particular realce para os jovens) a reivindicar os seus direitos, através de manifestações, um pouco por todo o País.
Está prática, acima referida, tem dificultado ainda mais a a consolidação do processo de unidade e reconciliação nacional entre os actores políticos, e por arrasto a sociedade civil, dificultando a melhoria do ambiente democrático.
Porém, os últimos três meses tem sido caracterizado por um ambiente de tensão política, motivado sobretudo pela nomeação da nova Presidente do Tribunal Constitucional (TC), Laurinda Cardoso, o dossier “dupla nacionalidade” e a criação da Frente Patriótica Unida (FPU), focada na alternância do poder.
Neste mesmo período, a sociedade civil voltou a dar um “cartão vermelho” aos órgãos de comunicação social públicos pela parcialidade demonstrada na cobertura de eventos dos partidos da Oposição, em que foi registado um triste episódio que resultou numa tentativa de agressão de jornalistas da TPA e da TV Zimbo, durante a cobertura de uma marcha realizada pela UNITA. A falta de contraditório e/ou equilíbrio em termos de representatividade no painel de convidados é outro problema que deve ser sanado.
Entretanto, as entidades de direito e do partido no poder não pode descurar que o século XXI é a conhecida era global, onde as redes sociais muitas vezes acabam por suplantar a força da mídia tradicional (TPA, RNA, ANGOP e Jornal de Angola).
Ao nosso ver, a postura dos militantes da UNITA é reflexo do discursos incendiários e de descrédito dos seus Líderes sobre algumas instituições públicas, o que tem resultado em atitudes musculadas de militantes e simpatizantes da FPU.
Quer queiramos ou não, estes têm contribuído para o desgaste da imagem do MPLA e do Presidente da República, dentro e além fronteiras, facto que desencoraja o tão almejada investimento estrangeiro em grande escala.
Outro facto que provocou um mal-estar está relacionado com os seguintes aspectos: a atribuição de 10% dos activos recuperados de bens patrimoniais advindos do combate contra a corrupção, a alteração da divisão administrativa do País, que irá apenas significar dispersão de recursos financeiros.
Portanto, a meio de tanta agitação política, social e económica, a criminalidade, desemprego, a perda do poder de compra das famílias, entre outros, vão ganhando corpo um pouco por todo o País.
Do ponto de vista político, o dossier “dupla nacionalidade” aumentou a popularidade de Adalberto Costa Júnior, conferindo-lhe a figura de “mártir” e agudizando a teoria de vitimização que foi construída pela UNITA nas últimas duas décadas.