Fitch Solutions projeta queda na produção de petróleo devido à falta de investimento no setor em Angola. Analistas dizem que nova previsão marca uma forte viragem face à estimativa anterior de crescimento de 1% ao ano.
A consultora Fitch Solutions reviu em baixa a previsão para produção de petróleo em Angola, considerando agora que vai cair sustentadamente até um milhão de barris por dia no final da década devido à falta de investimento e exploração.
“O desempenho de Angola para além das metas da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEC+) durante este ano e a incapacidade de sustentar uma produção mensal positiva levou-nos a rever a previsão para a produção de petróleo e gás para -4,9% este ano”, de 1,32 milhões em 2020 para 1,26 milhões de barris por dia este ano, escrevem os analistas da Fitch Solutions, numa nota com o título ‘Angola continua a debater-se para aumentar a produção petrolífera’.
Nesta nota, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas dizem que a falta de investimento e de exploração nos poços petrolíferos nos últimos anos vai fazer descer a produção petrolífera para um milhão de barris em 2030.
Forte viragem
Ainda assim, o próximo ano assistirá a uma subida da produção, para 1,31 milhões de barris diários, “mas isto será um aumento de pouca duração, com a produção a retomar a queda estrutural a partir de 2023”, acrescentam.
“Uma falta de investimento e atividade de perfuração limitada nos poços atuais nos últimos anos, exacerbada pelo colapso dos preços em 2020, significou que Angola tem-se debatido para aumentar suficientemente a produção em 2021”, ano em que a produção esteve nos 1,1 milhões de barris diários, em média, entre janeiro e agosto.
A nova previsão da Fitch Solutions, admitem os próprios analistas, “marca uma forte viragem face à estimativa anterior de crescimento de 1% por ano”, mas é explicada com a ideia de que os novos projetos que entrariam em funcionamento neste semestre dariam já frutos.
“Houve vários novos projetos a entrar em funcionamento nos últimos meses, aumentando a produção total, mas foram insuficientes para inverter a tendência geral dominante, de queda”, argumentam os analistas.
Para além disso, concluem, o país terá também de enfrentar a concorrência de outros países, como a Arábia Saudita e o Irão, nos fornecimentos à China, o que significa que “o aumento da concorrência global, combinada com os constrangimentos na produção doméstica, representam uma batalha constante para o setor petrolífero de Angola esta década”.