O pré-candidato à liderança do partido no poder em Angola, MPLA, António Venâncio, acusou neste sábado, 30 de Outubro os órgãos de comunicação social públicos, de estarem a favorecer o presidente da República e do MPLA, João Lourenço, cuja candidatura foi formalizada na última quarta-feira, 27 de Outubro.
De um tempo para aqui, António Venâncio tem estado a percorrer as províncias do país, no sentido de recolher até duas mil (2.000) assinaturas para efectivamente se candidatar à liderança do partido em que milita há 48 anos.
Em declarações à MFM, soube FreeMindFreeWorld.Org, o Eng. Civil, António Venâncio disse que recebeu relatos dando conta de situações de anómalas e irregularidades até grande pressão sobre os militantes para que não adiram à sua candidatura.
António Venâncio revelou que tal pressão é oriunda do próprio MPLA, a partir dos CAP’s, sectores intermédios, o que dificulta imenso a obtenção das suas assinaturas.
Era necessário, para o militante, que houvesse uma divulgação mais ampla dos critérios, bem como um esclarecimento mais detalhado sobre o modo em como se deve recolher estas assinaturas, através dos órgãosde comunicação social públicos.
“O que aconteceu é que, estes órgãos de comunicação social do Estado, mantiveram-se em silêncio para um candidato e andaram a fazer barulho, uma comunicação, uma propaganda e divulgação a favor de outro candidato”, denunciou António Venâncio.
Sublinhou, no entanto que, estes acontecimentos, se constituem em injustiça e uma violação dos estatutos do MPLA, uma vez que ainda não estão ambos, na condição de candidatos à presidência mas sim pretendentes ao cargo, enquanto passam a fase de pré-candidatura.
A nível das instituições, em várias localidades por onde os militantes passam para recolher as assinaturas a para a sua candidatura, António Venâncio disse que têm encontrado inúmeras barreiras e bloqueios com origem nas próprias instituições, o que este militante considerou gravíssimo.
“Portanto, essa pressão tinha que cessar. Não cessou e não sei se vai cessar agora com a intervenção mais inequívoca da direcção do partido, porque acabou de reunir e haverá mais do que uma candidatura. Mas essa comunicação tinha que ser feita antes porque os militantes acabaram por seguir a linha deste silêncio da comunicação social, as recomendações e as pressões dos CAP’s”, referiu.
Sobre quem vai determinar um segundo candidato à liderança, uma vez que a primeira indica evidentemente o actual presidente, António Venâncio disse que o processo do Congresso está em aberto, tendo sido editado um caderno de documentos que orienta a preparação e realização do acto, com uma metodologia de actuação entre vários organismos e candidatos em si.
Assim, explicou que tem havido uma contradição relativamente àquilo que os estatutos determinam, quando dizem que todos aqueles que reunirem requisitos para formalizar uma candidatura para um órgão singular como é o caso de presidente do partido, 1° Secretário Provincial ou Municipal, a sub-Comissão de candidaturas irá fazer a verificação da conformidade destes requisitos, e, daí em diante, decorrer um processo normal, em que aqueles que reúnam os requisitos exigidos possam ser considerados candidatos.
Depois deste passo, segundo ainda o político, “vem então a fase da campanha eleitoral de 15 dias e finalmente a realização do Congresso, onde um total de 2800 delegados vão decidir a eleição do Presidente, com base na metodologia estabelecida, o que não está acontecer neste processo, em particular com a sua candidatura”.
No concerne às dificuldades ao longo da caminhada, António Venâncio disse apoia-se nos estatutos do próprio MPLA e assegura que não terão aceitação quaisquer contradições a respeito da sua candidatura, quando os próprios estatutos conferem aos militantes direitos de reivindicar, denunciar e até mesmo solicitar a anulação dos actos.