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Angola: “O MPLA teme a nova geração” – Timóteo Miranda

É um dado histórico que as novas gerações sempre desencadearam um clima de preocupações as elites políticas, muito motivado pela procura de novos “modus vivendi ” que em muitos casos fogem da tendência conservadora e enveredam num campo de transformações sem o consentimento das motivações históricas.

A título de exemplo nos anos 40 à 70 e um pouco 80, surge nos EUA uma explosão das taxas de natalidade que veio a ser designado como fenômeno “Baby Bomm”; estes nados, vieram a revolucionar o pensamento humanista e a criação de valores fora da realidade norte americana, ganhando assim o nome de geração “Baby Bommer”.

Geração “Baby Bommer” foram a primeira geração a crescer com a televisão e acompanharam de perto a guerra civil no Vietnã pela qual, EUA era um dos oponentes, viram o desenrolar da guerra Fria e uma parte dela fundaram o movimento social dos Hippies que era uma adesão as novas práticas sociais como emancipação sexual, nudismo, a crítica ao uso de armas nucleares, a liberdade de usar barbas compridas e cabelos longos, o uso de roupas rasgadas como crítica ao consumismo e olhavam as tendências económicas e instituições de manutenção como parcelas sem legitimidades, entravam em mesclagem com a cultura negra e Oriental e defendiam a extinção da guerra no Vietnã e a intronização da colectividade para vencer as barreiras sociais. O governo norte americano conheceu grandes manifestações nesta época e o salto das lutas contra o racismo.

Em Angola não foge a regra, temos uma geração muito conservadora que apreciou de perto o colonialismo, mas que pela sua força na época ( luta de libertação nacional) alcansaram a independência. O colonialismo foi um regime que teve fortes consequências no fórum psicológico da maioria esmagadora, pressão essa que não foi abafada com o alcance da “independência “ porque desde muito cedo os angolanos entraram numa guerra fratricida e os mesmo indivíduos tiveram que lutar pela sobrevivência, verificando-se um movimento migratório muito forte tendo Kinshasa, Lusaka como destino de muitos. Os massacres em grandes escalas, o ranger dos jipés, o barulho da artilharia, a conscrição ( recolher obrigatório), “o xé menino não fala política “, formaram na geração das décadas de 70,80,90 um medo de se criar uma consciência progressista.

Os pleitos eleitorais de 1992, 2008, 2012, 2017 foram dominadas por estas gerações com grandes motivações históricas. 2022 é um novo mar de renovações, os movimentos Sociais explodiram, as manifestações de rua arrastam mais gente do número inicial, os sectores sociais estão sofrer muitas influências, como por exemplo a proliferação da internet, do “fenômeno memes” que tem revolucionado a participação cívica e denúncias sociais por meios satíricos; outro facto não menos importante é a discussão do gênero, da Comunidade LGBT, dos antigos efectivos militares e o descrédito das instituições.

A geração de 2000 será o potencial “máximo” nas próximas eleições, uma geração que não conheceu a guerra só ouviu falar, uma geração mais exigente e globalizada que já não aceita a desculpa da guerra, a geração desempregada e sem fundos, esta geração do “vás gostar”, o MPLA teme porque sabe que, por não criar desenvolvimento depois de muitos anos de paz, esses mesmo cobram alternância a todos os custos.

Atenciosamente, vosso irmão

Timóteo Miranda.

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