Depois de Angola suspender os voos com sete países para evitar a propagação da nova variante da Covid-19, muitos cidadãos tentam regressar ou ser ressarcidos de voos já marcados, lançando o caos nas agências de viagens.
“Está a ser muito difícil, temos recebido telefonemas, temos recebido ameaças, temos tentado chegar a um meio termo, explicando que a culpa não é nossa, nem das companhias, é uma situação que ninguém previa”, relatou Jéssica Londa, da Ambassador Voyage, que falou à Lusa na Feira Internacional de Luanda (FILDA), onde a empresa marca presença este ano, apesar das dificuldades que atravessou.
“Tem sido muito difícil este ano, o setor das viagens foi um dos que mais se ressentiu por conta da pandemia, ficámos seis meses em casa e só recentemente voltámos a trabalhar. Estávamos a tentar adaptar-nos, mas com esta nova variante tudo voltou a estar complicado”, desabafou a supervisora.
“Há muita confusão. Nós percebemos os dois lados, os clientes têm as suas viagens marcadas, têm as suas consultas, há pessoas que não veem os seus parentes há mais de um ano, mas também (percebemos) o lado das companhias aéreas porque ninguém estava à espera”, disse.
A agência tem tentado dar resposta, mas Jéssica admite que não está fácil, até porque as companhias não conseguem responder tão rapidamente como seria desejável.
“Estamos a tentar adaptar-nos, mas confesso que não está a ser fácil para nós dar a solução mais prática para os clientes, porque também fomos apanhados de surpresa”, afirmou a responsável.
“Muitos clientes querem reembolso total dos seus bilhetes para comprarem em companhias que possam viajar, mas não estamos a poder fazer isso por enquanto”, prosseguiu, explicando que tentam sensibilizar os clientes para aguardar que as companhias voltem a operar.
Admitiu, no entanto, que o transtorno é grande porque “as pessoas têm os seus planos”, que a variante Ómicron veio agora atrapalhar.
Alarmados com a suspensão de voos em vários países, entre os quais Angola, muitos passageiros tentaram antecipar as viagens ou alterar as suas rotas, dificultando ainda mais a tarefa das agências que não sabem “se estas rotas se vão manter no dia a seguir ou se fecham também a fronteira”.
Por isso, continuou Jéssica Londa, “é melhor aguardar as notícias”.
Entre os mais preocupados estão os clientes angolanos que se encontram na África do Sul, país com o qual a transportadora angolana TAAG suspendeu já as ligações aéreas, realizando três voos de repatriamento esta terça-feira, para Joanesburgo, Maputo (Moçambique) e Windhoek (Namíbia).
Quanto aos portugueses, parecem estar para já pouco apreensivos: “os voos ainda não fecharam, não estão suspensos e espero que isso não aconteça porque se fecharem para Lisboa, para Portugal, aí vai complicar muito a nossa situação”, explica a supervisora da Ambassador, concluindo: “estamos a tentar gerir”.