Dois mortos, dois feridos, quatro casas queimadas e uma viatura destruída são o resultado de confrontos entre supostos militantes do MPLA e da UNITA na província angolana de Benguela, na noite de quarta-feira, 15. Partido no poder pensa que os “maninhos” se vingaram do assassinato do seu militante. Polícia lembra chegada do período eleitoral.
O sucedido aconteceu 24 horas depois de um apelo do delegado e comandante provincial da Polícia Nacional (PNA), Aristófanes dos Santos, para o diálogo como caminho para a consolidação da paz.
O MPLA, partido no poder, fala em retaliação à morte do militante da UNITA, que foi a enterrar hoje na província do Bié, sua terra natal, ao passo que o “galo negro”, a aguardar pelas investigações, associa o acto à criminalidade no município sede da província.
É visível um cenário de destruição no bairro 23 de Março, arredores da cidade de Benguela, onde vivia Eugênio Pessela, assassinado na marcha promovida pelo partido líder da oposição.
O coordenador e secretário zonal do MPLA, Severino Domingos, conta que mais de 50 militantes da UNITA, empunhando catanas e enxadas, protagonizaram os estragos.
“Eles disseram que quem matou o nosso homem foi a Polícia do MPLA, por isso aqui tem que morrer 100 homens do MPLA. Ontem ligaram para mim e falaram dos dois mortos. A minha casa foi destruída, há feridos, motas queimadas e também o nosso comité e outras casas”, conta o coordenador de zona.
O secretário provincial adjunto da UNITA em Benguela, Avelino José, diz ter sido informado sobre a ocorrência, até porque conversou já com a polícia, e salienta que tudo aponta para mais um caso da criminalidade violenta que assola o município.
“Pode haver até esta pretensão do MPLA de fazer acusação, que consideramos não fundada, não há trabalho de base. O que nos vem, indirectamente, é que pode estar a ocorrer uma briga de grupos, a exemplo do que acontece em outras paragens”, justifica o político, acrescentando que “a nossa brigada está no terreno a analisar para termos informação real”.
Fonte do Comando Provincial da Polícia aponta para dois detidos por suposto envolvimento nestas ocorrências.
O delegado provincial do Interior, Aristófanes dos Santos, que esteve reunido com a UNITA na terça-feira, 14, salienta que o momento político exige muita ponderação.
“Nós vamos ter eleições gerais no próximo ano, e haverá campanha dos vários partidos, pelo que todos, a sociedade, devemos estar imbuídos para que não surjam situações de violência”, apela o oficial superior.