Em Cabinda, organizações políticas estão a levar a cabo uma petição contra a petrolífera Chevron. É uma forma de protesto contra a renovação dos direitos de exploração de petróleo na província angolana até 2050.
Na petição, as organizações políticas esperam recolher pelo menos dez mil assinaturas.
Sera Bango, presidente da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), deplora os danos que algumas empresas de exploração de recursos em Cabinda têm vindo a causar ao ambiente e desafia a Procuradoria-Geral da República (PGR) a responsabilizar estas mesmas empresas.
“Em Cabinda, quantas vezes ouvimos relatos de danos ambientais? Acho que poderíamos ainda também desafiar a PGR. Quantas ações a PGR vai dar entrada contra as empresas que provocam danos contra o ambiente?”, questiona.
Governo é aliado
São, pelo menos, sete as organizações políticas que lutam pela petição contra a maior empresa petrolífera, Chevron, tais como: Frente Consensual de Cabinda, União dos Cabindeses para Independência, Movimento Democrático de Cabinda e Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para sua Soberania.
Arão Bula Tempo, presidente deste movimento, acusa o Governo angolano de se aliar a estas empresas que exploram as riquezas de Cabinda deixando as populações na miséria.
“O problema grave que esse território passa desde 1975 é a ocupação militar do Governo angolano. Em todos esses 46 anos, com os contratos que sempre firmou com a Cabinda Golf Oil company, o povo de Cabinda desconhece as receitas. Deixando o povo empobrecido e em degradação social, uma Cabinda desconstruída”, revela.
Já Maurício Ngimbi, presidente da União dos Cabindas Independentistas (UCI), diz que a sua organização se manifestou dessa maneira para contestar a exploração desenfreada do petróleo a que se assiste no enclave.
“O nosso propósito visa contestar a exploração de petróleo em Cabinda, por que no entanto os autóctones não têm beneficiado da mesma exploração, portanto a petição está nessa base”, afirma.
Interesse para uma elite
A exploração de recursos naturais é acompanhada, na maior parte dos casos, por impactos ambientais negativos. Antes, a Chevron, só explorava petróleo em offshore (exploração de petróleo no mar), mas atualmente a exploração é feita também em onshore (exploração em terra firme).
Belchior Taty, secretário-geral da Frente Consensual de Cabinda, diz que as riquezas do enclave se tornaram num interesse de uma elite bem identificada.
“Cabinda continua a ser aquela sanzala que vocês deixaram. Portanto, tiram a madeira, o petróleo e lá vão. Não melhorou nada. As suas riquezas não deveriam ser exploradas porque não se resolveu o problema deste território”, entende.
Taty também defende que é preciso “ouvir as populações nessas áreas de exploração, as suas necessidades e fazer uma cronograma da concretização por prioridades”.
Os políticos de Cabinda apelam às companhias que exploram o petróleo bruto no território para que revejam as suas políticas. Outros apelam ao Governo dos EUA a rever a situação, o mais rápido possível, já que os prejudicados de toda a exploração são as populações que nada beneficiam de tais riquezas.
Entretanto, a direção da petrolífera Chevron, em Cabinda, não se mostrou disponível a prestar quaisquer declarações relativamente a esta petição. Para a empresa acusada, tudo depende da Central.