O “Kwenda”, programa do Governo que visa apoiar famílias pobres, chegou ao Songo. Mas o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Local (FAS) diz que o programa ainda enfrenta desafios.
A população do município do Songo, na província angolana do Uíge, debate-se com problemas de educação, saúde e alimentação.
Cerca de 40 quilómetros separam o município do Songo da capital provincial do Uíge. Segundo dados oficiais divulgados em 2018 pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a localidade conta com mais de 62 mil habitantes. A maioria dedica-se a prática de agricultura.
Jorge Manuel, um agricultor local, diz: “Faço campo: trabalho mandioca, hortas, couve, beringela e pimenta.”
Também Gonçalves José depende da agricultura para sustentar os seus seis filhos e a esposa. “Eu cultivo: semear mandioca, batata é o que eu estou a sobreviver com ele naqueles bocados mesmo que trabalho.”
À semelhança de outros pontos do país, a vida da população local também não é fácil.
Para minimizar as dificuldades dos habitantes, nos setores da educação, saúde e alimentação, chegou ao município do Songo o “Kwenda” – um programa do
Governo que visa apoiar famílias em situação de pobreza ou vulnerabilidade.
O “Kwenda” é financiado pelo Banco Mundial e tem a duração de três anos. Abrange quatro componentes, nomeadamente transferências sociais monetárias no valor de 25 mil kwanzas trimestrais, inclusão produtiva, municipalização da ação social e o reforço do cadastro social único.
Promover a educação financeira
Na semana passada, cerca de novecentas famílias do Songo beneficiariam das transferências sociais monetárias. Um deles é António João, um morador local que diz: “Vou investir o dinheiro na lavra. Vou comprar instrumentos do campo: Catanas, enxadas, machados, além.”
O programa, que vai até 2023, está a ser implementado pelo Fundo de Apoio Social (FAS) – Instituto de Desenvolvimento Local.
Maria Fernanda Cavungo, vice-governadora para o setor político, económico e social da província do Uige, diz ser “imperioso a promoção da educação financeira da população beneficiária”:
“Como ferramenta importante de gestão para facilitar a criação de poupanças, diminuir o risco de perda de dinheiro e incutir a mentalidade de bem gerir”, explica.
Atualmente, mais de 30 municípios de diferentes províncias angolanas, já beneficiaram deste programa.
Entre a confiança e os desafios
Belarmino Jelembe, director-geral do FAS, revela que a implementação do “Kwenda”, está a seguir “o seu curso normal”.
“Nessa altura nós estamos acima dos 200 mil pagamentos em todo país. É uma obra importante. É um processo que gera confiança”, garante.
Apesar de gerar confiança, também é um processo cheio de desafios, explica Belarmino Jelembe. Contudo, mais municípios serão introduzidos nos próximos dias, conclui.
“Sabemos as dificuldades que existem nos acessos. Neste momento está a chover, mas nós temos que realizar os pagamentos. Há também dificuldades em relação ao sinal. Por exemplo, nós prevíamos fazer mais pagamentos por via do telefone, mas há esses constrangimentos de sinal, mas estamos a continuar. Também a presença de agências bancárias é limitada sobre tudo no interior”, revela.