Com a campanha massiva de testes para detectar a presença da Covid-19 em curso na capital Luanda, apelos chegam de todos os cantos de Angola no sentido da mesma ser levada a cabo nas províncias, com cidadãos em desespero por incapacidade financeira, no momento em que o país enfrenta a quarta vaga da pandemia. Psicólogo clínico diz que circulação da nova variante exige mais das autoridades.
Em Benguela, província que registou 152 casos nas últimas 24 horas, sobretudo entre profissionais de saúde, as clínicas são a alternativa do momento, mas o teste custa cerca de 15 mil kwanzas.
À porta do Hospital Geral de Benguela, com testes só para funcionários, à semelhança de outras unidades sanitárias, Eduardo António, motoqueiro, apresenta indicadores de desespero por força dos últimos acontecimentos.
“Aqui não estou a ver movimento de teste, por isso ninguém está a fazer. Ontem levei uma senhora que queria fazer, mas não conseguiu, não foi atendida aqui no hospital”, salienta.
O Gabinete Provincial de Saúde, nesta altura sem reserva, vinha pedindo seis mil kwanzas por teste, pouco abaixo da metade do preço praticado em clínicas privadas.
Quando se olha para estes valores, surgem apelos em nome da descentralização dos testes em massa
“Está muito caro, nós já estamos a lutar com o sustento, seis mil é muito”, diz Nelson, ao passo que o seu colega, Fernando, assinala que “o Governo tem de suportar tudo, devia ser grátis”
O psicólogo clínico João Caratão, membro da Associação Angolana de Saúde Mental, diz que a testagem está muito aquém do nível de propagação da nova variante.
“Há falta de teste e muita procura. Em termos de Estado, Benguela recebeu cerca de mil testes, mas mil testes … quando a ómicron está tão espalhada”, indica o médico, quem acrescenta: “As pessoas vão testando, vão tendo casos positivos e depois todos os contactos querem testar. Infelizmente, digo que quem tem dinheiro deve ir às clínicas, quem não tem … vai ter dificuldades. O que são seis mil testes para Luanda?”.
À VOA, fonte do Gabinete Provincial de Saúde assume que existem incertezas quanto ao início dos testes em massa em Benguela e outras províncias.
O HGB tem fechado o Banco Externo, área para as consultas médicas, por força da situação actual.