Membros da sociedade civil nas províncias angolanas do Uíge, Kwanza Norte e Malanje estão céticos quanto às forças da Frente Patriótica Unida (FPU) para avançar nas eleições gerais deste ano no país.
Além do silêncio do Tribunal Constitucional sobre a validade do Congresso da UNITA – realizado em dezembro do ano passado e que elegeu Adalberto Costa Júnior à liderança do maior partido da oposição -, também a proximidade das eleições gerais em Angola estão a deixar cética a sociedade civil sobre o sucesso da Frente Patriótica Unida (FPU).
”O tribunal ainda não se pronunciou se o congresso da UNITA é legal ou não, se a reeleição de Adalberto Costa Júnior é legal ou não. Ele tem pouco tempo para se preparar, tanto na UNITA como presidente do partido como também enquanto presidente da FPU”, explica o padre Dionísio Mukiji, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Arquidiocese de Malanje.
O sacerdote considera que a presença de Abel Chivukuvuku e Adalberto Costa Júnior na corrida eleitoral incomoda os dirigentes do MPLA, há 46 anos no poder. Dionísio recorre ao que se sucedeu com os dois candidatos no passado: “Eu já previa que o cenário não favorecia o Presidente da República nem o MPLA por causa do contexto da crise, pandemia e toda a má governação. Havendo esses dois candidatos, Adalberto com tanta fervura e com muita potencialidade politica, e Abel Chivukuvuku, claramente o Presidente da República não tinha como respirar”.
FPU pode desaparecer?
Já no Uíge, o comentarista político Joaquim Ernesto aponta o dedo aos tribunais pelo fracasso de muitas forças políticas que emergiram e desapareceram em Angola. Ernesto teme que o mesmo possa vir a acontecer com a Frente Patriótica Unida, que junta a UNITA, Bloco Democrático e o projeto PRA-JA Servir Angola.
“Quando falo de ativismo judicial, parto do princípio de que os tribunais tomam decisões por motivações politicas para então defender o interesse de uma parte e prejudicar a outra”, entende.
Mas há também quem acredite que a FPU conseguirá avançar. O jornalista da Rádio Ecclésia no Kwanza Norte, Pedro Timóteo, acredita que a UNITA ganha um novo impulso dentro da Frente Patriótica Unida e vai fazer diferença nas eleições deste ano.
O jornalista afirma que “é de resto a UNITA que sai reforçada com esta Frente Patriótica Unida, porque quer os militantes do Bloco Democrático e quer aqueles que se subscreveram no projeto PRA-JÁ Servir Angola vão endossar a UNITA nas eleições deste ano”.
A Frente Patriótica Unida (FPU) foi relançada a 23 de dezembro passado.