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Angola: Adalberto Costa Junior desafia “João Lourenço” a debate e diz que diversificação da economia é utopia

O presidente da UNITA desafiou o chefe de Estado angolano, João Lourenço, a uma debate sobre os grandes desafios do país em ano eleitoral e disse que o programa de diversificação da economia é uma utopia e um fracasso. Em resposta a afirmações do Presidente da República, líder da UNITA fala em “nova oligarquia” e diz que há fome em Angola.

Adalberto Costa Júnior, que acusou o Presidente da República de criar uma “nova oligarquia”, fez estas declarações nesta sexta-fera, 7, em Luanda, ao apresentar, numa mensagem, os cumprimentos de Ano Novo aos membros e simpatizantes da UNITA, e na qual respondeu a afirmações de Lourenço na entrevista dada a jornalistas de cinco órgãos de comunicação social na quinta-feira.

Ele desafiou o Presidente da República, a quem ele diz confundir a sua posição de chefe de Estado com o de líder do MPLA, a um debate, em resposta à afirmação ontem de Lourenço de que a oposição “se calhar, está pior do que anos atrás”.

“O MPLA não está preparado para concorrer com lealdade e em igualdade de condições na campanha eleitoral e por isso esconde-se atrás das instituições e nega a democracia e a pluralidade”, disse Costa Júnior, para quem o partido no poder “viola as leis”.

“Usa como muletas as instituições publicas, os órgãos públicos de comunicação social prestam serviços ilegais ao partido de regime, beneficiam da censura que os mesmos dirigem à UNITA e ao seu presidente,protegem o partido do regime ao recusarem o contraditório,os dirigentes do partido de regime, a começar pelas suas lideranças têm medo dos debates e fogem dos mesmos, desrespeitando o público”, apontou.

E perguntou: “vão continuar a fugir aos debates?”,

“Se estão mesmo prontos e não têm medo, abracem o jogo democrático. Aqui reafirmo a minha disponibilidade”, reforçou o líder do principal partido da oposição num desafio claro a João Lourenço, com vista às eleições gerais previstas para Agosto.

Diversificação da economia: utopia

E com vista às eleições, o presidente da UNITA lembrou que o cidadão é quem decide o seu futuro, “não é o partido que governa, também não são os outros partidos”.

“O poder de decidir é seu. É do povo e hoje o povo cresceu e por isso a manipulação também crescente da comunicação social pública! Vamos todos dizer basta! Se necessário vamos sair à rua e defender os nossos interesses”, alertou.

No capitulo económico, Adalberto Costa Junior considerou de “uma utopia” a diversificação da economia, apontada por João Lourenço como principal objectivo do seu mandato.

“O fracasso das iniciativas de fomento da produção local são clássicas desde o SEF até ao recente Programa Angola Investe, que vigorou até 2018, tendo financiado 515 projectos no valor de 120 mil milhões de kwanzas, como programa de apoio ao investimento para mega-projectos, com a cedência de vantagens financeiras, cujos resultados catastróficos são até aos dias de hoje desconhecidos os seus relatórios qualitativos”, apontou o presidente do partido do galo negro.

Nova oligarquia

Costa Júnior apontou o dedo à “nova oligarquia criada” pelo Presidente da República, que tem recorrido à contratação pública para formar essa nova elite.

“A contratação pública representa cerca de 8 % do PIB e 20% do OGE (Orçamento Geral do Estado), sendo o principal instrumento de financiamento da nova oligarquia criada pelo PR João Lourenço, seguido do acesso ao crédito internacional, seja com garantias soberanas ou com regras opacas com entidades como a Mitrelli e a Gemcorp, que vieram para substituir o CIF e a Odebrecht e por fim com o programa de privatizações onde se procede a transferência de activos estatais para a esfera privada, cujo processo de práticas concertadas fará com que ainda em 2022 se consiga oferecer a Sonangol a entidades estranhas, tal como foi o sofisma com que foram alienados o BCI, a gestão do Kero e a gestão do Entreposto Aduaneiro, que faz a gestão da reserva estratégica alimentar”, acusou.

“Com tantos milhares de milhões gastos, como se explica agora a importação de produtos da cesta básica?”, perguntou o presidente da UNITA, quem considerou que2021 “foi um ano muito difícil, que agravou a situação do desemprego, da pobreza, agravou a situação da fome para uma elevada faixa das nossas comunidades”.

“Há hoje, em múltiplas províncias, angolanos a morrerem a fome! É inadmissível e exige respostas de emergência do nosso Governo. E neste aspecto é grande a divergência entre as organizações especializadas da sociedade civil e as vozes do interior e da chefia do Governo”, criticou Adalberto Costa Júnior que, em jeito de conclusão desse capítulo, citou Nelson Mandela: “Tal como a escravatura, a pobreza não é uma coisa natural. É fruto da acção do homem e pode ser superada e eliminada através das acções dos seres humanos”.

Quanto a 2022, Adalberto Costa Júnior afirmou ser um “ano de muitas certezas”.

“Certeza que vamos vencer, certeza que os angolanos estarão juntos nesta mudança, certeza que vamos voltar a ter verdade e derrotar a mentira”, concluiu o Presidente da UNITA, referindo-se ao facto de esperar uma vitória do seu partido nas eleições.

 

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