Após tumultos ocorridos no passado dia 10, no início da greve dos taxistas em Luanda, as autoridades angolanas, detiveram dois activistas por incitação e arruaças. “É preciso que se denuncie porque estão numa cela onde ninguém fica”, afirma o advogado de Luther King e Tanaice Neutro.
O advogado de defesa de Luther King e Tanaice Neutro, detidos na semana passada, diz que estão a ter um tratamento desumano na prisão.
Os dois activistas são conhecidos nas redes sociais como tendo discursos bastantes radicais contra o Governo e foram referenciados pela Televisão Pública de Angola como mentores dos distúrbios em Luanda.
A acusação, a que a VOA teve acesso, diz que “no dia 14 deste mês, pelas 10 horas, em companhia de mais dois indivíduos não identificados, defronte às instalações do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Tanaice Neutro foi encontrado fazendo vídeo em directo para as plataformas digitais e proferindo palavras injuriosas, caluniosas, ofensivas e com apologia à incitação de actos de rebelião e arruaça exigindo a libertação do seu amigo Luther King”.
No documento, lê-se também que o arguido teria “incitado o povo residente no país e no exterior a se rebelar contra a Polícia Nacional e o Presidente da Republica”.
Noutro documento, o outro activista Luther King é acusado de ter violado a medida cautelar de apresentação periódica que lhe tinha sido aplicada na sua primeira detenção emSetembro de 2021.
Entretanto, o advogado de defesa Wilson Almeida diz que os seus constituintes estão a ser acusados de associação criminosa e não comparecimento ao SIC, de acordo com o termo de identidade e residência a que foram submetidos aquando da detenção em Setembro de 2021, “um falso argumento”.
Ele garante que tem provas.
Almeida acrescenta que os activistas estão a ser alvo de tratamento desumano.
“É preciso que se denuncie porque estão numa cela onde ninguém fica”, afirma.
Na primeira detenção, Luther King foi acusado dos crimes de tentativa de romper a barreira policial e de incendiar uma unidade de fiscalização na comunidade de congoleses em Luanda.
No momento da prisão, não lhe foi apresentado qualquer mandado de detenção e inicialmente foi acusado de ter morto um cidadão.
A Procuradoria-Geral da República não se pronunciou ainda sobre a detenção dos dois activistas, apesar dos esforços da VOA em ter um posicionamento.