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Marcha do Movimento dos Estudantes (MEA) em Luanda: “João Lourenço, atenda os professores”

Dezenas de estudantes marcharam este sábado (19.02), em Luanda, contra a greve dos professores do ensino superior público em Angola, que já dura mais de 40 dias. Os participantes lançaram apelos ao PR João Lourenço.

A iniciativa foi do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA). Durante a marcha, os participantes entoaram hinos como “João Lourenço, atenda os professores”.

Para além deste hino, os manifestantes também entoaram cancões como “queremos estudar, não queremos ser gatunos e ‘Angofoot’, queremos formação”, uma referência ao jogo da sorte em que muitos jovens apostam nos últimos tempos.

Mas os momentos iniciais foram marcados pela concentração no largo do Cemitério da Santa Ana, na capital angolana. De um lado estavam os manifestantes escrevendo cartazes com dizeres como “Faculdade de Ciências Sociais, a causa é justa, queremos voltar a estudar, não matem o nosso sonho, queremos voltar a estudar”, entre outros. E do lado aposto, agentes da polícia angolana preparavam-se para garantir a ordem e a segurança públicas.

Reclamações dos estudantes

No local, a DW África conversou com alguns participantes. É o caso de Floreano Jorge, que veio da Escola Superior Pedagógica do Bengo, onde frequenta o curso superior de língua portuguesa.

“Eu vim participar nesta marcha porque, sendo estudante universitário, estamos a viver uma situação muito constrangedora. Estamos há 40 dias sem aula, tudo porque os professores partiram para uma greve por causa de um caderno reivindicativo remetido ao ministério de tutela que não foi respondido até ao momento”, reclamou o estudante que receia perder o ano académico.

Dias Bengue, estudante do 4º ano do curso de engenharia de petróleos na Universidade Agostinho Neto, disse porque participou na marcha deste sábado: “Vim participar nesta manifestação porque estamos há mais de 40 dias sem ter aulas e o Ministério do Ensino Superior não se pronuncia e a nossa formação está em jogo. Queremos terminar a formação”.

Questionado sobre se esta manifestação resultaria em alguma coisa, Floreano Jorge não teve dúvidas em responder: “Acredito que sim, porque viemos aqui com esta convicção para que resulte. Se não resultar, o importante é que fizemos alguma coisa, estamos a fazer o nosso papel”.

Apelo a João Lourenço

A marcha começou por volta das 13h20 locais, tendo percorrido a Avenida Deolinda Rodrigues – uma das principais vias de Luanda – até ao Largo 1 de Maio – local onde foi proclamada a independência de Angola, a 11 de novembro de 1975.

Com cartazes, dísticos e a bandeira de Angola, os manifestantes exigiam ao Presidente da República, João Lourenço, para que atenda às reivindicações dos professores do ensino superior público em greve desde o passado dia 3 de janeiro.

“O apelo que eu deixo para o Ministério do Ensino Superior é que revejam esta situação, porque precisamos nos formar. O país precisa de nós, precisa destes quadros. Nós ainda somos jovens e os jovens são a força motriz de um país. Queremos regressar às aulas”, apelou Bengue.

Também Floreano Jorge deixou um apelo ao Ministério do Ensino Superior de Angola: “Esperamos que o ministério resolva o problema dos nossos professores, até porque [esta questão] não se prende apenas com situações pessoais, mas tem a ver com as nossas condições: bibliotecas laboratórios etc”.

Manifesto dos estudantes

Jones Sebastião, secretário provincial de Luanda do Movimento dos Estudantes Angolanos e um dos organizadores da marcha, disse que o objetivo foi cumprido e espera apenas que o Governo resolva o problema dos professores para que se possa regressar às aulas.

“A falta de aulas no ensino superior constitui uma preocupação enorme. Um país que se prese, que se quer posicionar no contexto das nações, precisa apostar na educação. Mas não é o que vemos aqui em Angola, por isso, vemos a universidade pública parar durante 41 dias e ninguém diz nada. E nem abertura para o Governo negociar com o sindicato vemos”, protestou.

Jones disse também que nos próximos dias já não serão realizadas marchas, mas sim vigílias e, se for possível, uma greve de fome nas instalações do Ministério do Ensino Superior. “Hoje estamos a realizar a última marcha. Nos próximos dias vamos usar outros métodos de pressão para que possamos sair desta situação”, assegurou o líder do movimento estudantil.

 

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