Em comunicado, afirmam que falência do banco deveu-se à má gestão de Álvaro Sobrinho e pedem pronunciamento da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os accionistas e o presidente do Conselho de Administração do Banco Económico (BE, que tem origem no BESA), consideram “falsas e caluniosas” as denúncias feitas pelo antigo presidente da Comissão Executiva do BESA, Álvaro Sobrinho,e acusam-no de mentir por “não apresentar os factos tal como eles ocorreram”.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, 13, eles dizem que, ao contrário do que disse Sobrinho, de que falência foi uma decisão política, ela “decorreu, sim, dos erros da sua gestão e dos seus dinheiros que para si retirou, sendo esta uma questão da sua exclusiva responsabilidade”.
No programa Grande Entrevista, da Televisão Pública de Angola, na noite de terça-feira, 11, Sobrinho disse que a falência do antigo BESA foi uma “decisão política” dos accionistas, todos ligados ao regime angolano, e refutou ter desviado 700 mil dólares, como foi noticiado.
Os accionistas, entretanto, dizem que “acabaram por assumir grandes perdas do investimento que haviam realizado” e apelam ao Banco Nacional de Angola (BNA) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) para se pronunciarem, manifestando, paralelamente, “total disponibilidade para o esclarecimento da verdade”.
No documento, em que são citados dois comunicados, um do BNA e outro do Banco de Portugal (BdP), os accionistas referem que “não houve qualquer decisão política para decretar a falência do BESA”, como afirmou Álvaro Sobrinho.
Na entrevista, o antigo gestor do BESA garantiu que desde o início da actividade, a 24 de Janeiro de 2002, “o BESA apresentou resultados líquidos positivos até a saída dele 2012 e que quando foi afastado tinha mais de 10 milhões de activos de fundo”.
Quanto ao seu afastamento, o empresário revelou que deveu-se ao facto de se ter negado a assumir a culpa da situação de falência a si imputada pelos accionistas.
Ainda durante o período em que era presidente da Comissão Executiva, Sobrinho disse que o BESA concedeu empréstimos no valor de 5,7 milhões de dólares, dos quais 80 por cento destinaram-se a 30 figuras consideradas “maiores devedores”, enviados ao banco pelas autoridades aos principais accionistas.
Ele apontou como principais accionistas do BESA a firma Geni, representada pelo general Leopoldino do Nascimento, Manuel Vicente, em representação do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o ex- ministro de Estado e chefe da Casa Militar, Helder Vieira Dias “Kopelipa” (pela companhia Portmill), o ex-presidente da Assembleia Nacional, Paulo Cassoma (presidente da Mesa da Assembleia) e Ricardo Salgado, pelo Banco Espírito Santo (Portugal).
Recorde-se que o empresário angolano foi investigado em Portugal, onde diz não ter qualquer processo, e também é alvo de investigações nas ilhas Maurícias, de onde prometeu retirar o dinheiro e investir em Angola.